A Polícia Federal encontrou durante a Operação Tempus Veritatis uma minuta de golpe, em que era prevista as prisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes após o golpe. Além dos ministros do STF, a minuta também previa a prisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. No entanto, conforme a PF, o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL) editou o documento.
Conforme as investigações da PF, Bolsonaro pediu que os nomes de Pacheco e Gilmar fossem retirados do texto, mas o de Moraes deveria ser mantido.
Essa minuta é citada em decisão de Moraes que determinou buscas e apreensões em endereços de várias pessoas próximas de Bolsonaro, suspeitas de arquitetar um golpe de estado.
Segundo o documento, Filipe Garcia Martins Pereira, que era assessor especial para Assuntos Institucionais da Presidência da República e o advogado Amauri Feres Saad apresentaram a minuta do suposto golpe de Estado a Bolsonaro.
O então presidente teria solicitado a Filipe Martins que fizesse alterações na minuta, tendo o mesmo retornado alguns dias depois ao Palácio da Alvorada e alterado o documento conforme solicitado.
Após a apresentação da nova minuta modificada, Jair Bolsonaro teria concordado com os termos ajustados e convocado uma reunião com os comandantes das Forças Militares para apresentar a minuta e pressioná-los a aderirem ao suposto golpe de Estado.
Esses ajustes foram citados também em mensagem entre o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general Marco Antônio Freire Gomes, na época comandante do Exército.
Em dezembro de 2022, Cid avisa a Gomes que o ex-presidente “enxugou o decreto”. “Fez um decreto muito mais, é, resumido, né. […] Algo muito mais direto, objetivo e curto, e limitado”, aponta.
Tempus Veritatis
Um dos alvos da operação é o ex-presidente Bolsonaro. Além dele, foram alvo de busca e apreensão o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL); e Braga Netto e Anderson Torres, ex-ministros que chefiaram as pastas da Defesa e Justiça respectivamente.
Já entre os presos, estão Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, e coronel Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Atualmente, Câmara era segurança de Bolsonaro contratado pelo PL.
Outros presos na operação desta quinta são o coronel do Exército Bernardo Romão e o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins.
No total, são cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. A operação foi batizada de Tempus Veritatis.