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Premiado na Europa, “Metamorfose”, de Gustavo Silvestre, explora angústias contemporâneas

Inspirado em Kafka, o espetáculo combina teatro, dança e projeções para explorar transformação e imobilidade humana

espetáculo “Metamorfose” espetáculo “Metamorfose”

O espetáculo “Metamorfose”, criado pelo artista goiano Gustavo Silvestre, inicia sua turnê nacional em Goiânia nesta sexta-feira, 30, no Teatro Goiânia, com duas apresentações, às 16h e às 20h. Inspirado na obra homônima de Franz Kafka, o espetáculo utiliza uma combinação de teatro, dança e projeções audiovisuais para explorar temas de transformação e imobilidade humana. Após a estreia em Goiânia, a turnê seguirá para Brasília, Palmas, Belo Horizonte e Anápolis, oferecendo ao público uma experiência artística imersiva e reflexiva.

Influência de Kafka

Gustavo Silvestre, conhecido por sua abordagem multidisciplinar, destacou a importância da obra de Kafka na concepção do espetáculo em uma conversa com o Diário da Manhã. Segundo ele, a estética fantástica e absurda do autor foi um ponto central para a adaptação. "A maior influência que Franz Kafka trouxe para a obra, além de sua estética fantástica e absurda que tanto me fascina, foi falar sobre o processo de transformação daquele personagem," explica Silvestre. Ele acredita que essa transformação, que envolve se perceber metamorfoseado e ter que conviver com um novo corpo, reflete as constantes mudanças que todos enfrentam.


		Premiado na Europa, “Metamorfose”, de Gustavo Silvestre, explora angústias contemporâneas
espetáculo “Metamorfose”. Divugação Rubens Neto

A adaptação do texto literário para uma performance de teatro e dança trouxe desafios específicos, especialmente no que diz respeito a transmitir fisicamente as sensações vividas pelo protagonista. Silvestre revela: "O maior desafio foi imprimir a narrativa de Kafka no próprio corpo. Se estou falando de alguma sensação vivida pelo personagem, preciso viver a própria sensação." Essa abordagem exige um controle técnico e dramatúrgico considerável, pois a meta é proporcionar ao espectador uma experiência imersiva e única.

A combinação de teatro, dança e projeções audiovisuais é um dos aspectos inovadores do espetáculo “Metamorfose”. Para Silvestre, esses elementos não são meros acessórios, mas sim camadas que intensificam a narrativa e a experiência do público. “A relação entre as linguagens da dança, teatro e audiovisual vem como camadas que contribuem tanto para a dramaturgia, estabelecendo um arco dramático mais claro e palatável, como para a fruição artística do espectador,” afirma o artista. O uso dessas diferentes linguagens ajuda a criar uma imersão completa, permitindo que a plateia se conecte mais profundamente com os temas apresentados.


		Premiado na Europa, “Metamorfose”, de Gustavo Silvestre, explora angústias contemporâneas
espetáculo “Metamorfose”. Divugação Rubens Neto

A turnê nacional de “Metamorfose” é viabilizada pelo Edital de Fomento à Dança do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 2023. Além das apresentações, a turnê inclui ações pedagógicas, como oficinas e bate-papo com as plateias, iniciativas que visam aprofundar a interação entre o público e a obra. Silvestre comenta sobre a importância dessas atividades: “As ações pedagógicas surgiram de uma própria necessidade do público em turnês passadas. As pessoas pediam uma conversa após o espetáculo para apresentar o seu ponto de vista ou tirar uma dúvida de algo que as intrigou.”

Essas atividades foram integradas formalmente à turnê, com o objetivo de aproximar o público da obra e contribuir para a formação de plateias de dança. Para Silvestre, as oficinas são uma oportunidade de dialogar diretamente com o público e explorar aspectos mais profundos do espetáculo e da prática artística.


		Premiado na Europa, “Metamorfose”, de Gustavo Silvestre, explora angústias contemporâneas
espetáculo “Metamorfose”. Divugação Rubens Neto

A Relevância contemporânea de “Metamorfose”

O espetáculo “Metamorfose” busca provocar uma reflexão sobre as imobilidades físicas e mentais que afetam os indivíduos no cotidiano moderno. Ao combinar elementos de Kafka com a linguagem do corpo e recursos audiovisuais, Silvestre pretende oferecer uma nova interpretação da angústia e do isolamento retratados na obra original. Ele acredita que essas questões ainda são extremamente pertinentes e podem ressoar com o público atual.

Ao trazer o espetáculo para os palcos de diversas cidades brasileiras, Gustavo Silvestre não apenas apresenta uma adaptação de um clássico literário, mas também propõe uma discussão sobre a condição humana e a necessidade de mudança e adaptação constante. A turnê nacional promete não só encantar os espectadores com sua estética e performances, mas também instigá-los a refletir sobre suas próprias experiências e transformações.

Após a estreia em Goiânia, a turnê seguirá para Brasília nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, com apresentações no Espaço Cultural Renato Russo, e depois para Palmas, Belo Horizonte e Anápolis.

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