A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) foi vítima de ataque transfóbico durante audiência da Ministra Cida Gonçalves (Mulheres) na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, na última quarta-feira, 05.
De acordo com um vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em suas redes sociais, a deputada aparece chamando Júlia Zanatta (PL-SC) de "rídicula", "feia" e "ultrapassada". Erika então fala para Júlia "ir hidratar o cabelo" e em seguida, Nikolas entra na discussão e sai em defesa de Zanatta, questionando a identidade de gênero de Erika Hilton, respondendo "pelo menos ela é ela".
Em publicação nas redes sociais, Julia Zanatta também compartilhou o vídeo do episódio e agradeceu o apoio de seu colega de bancada
"Quero agradecer aqui a um homem que tem bravamente defendido as mulheres: deputado Nikolas @nikolasferreiradm você está sempre lá para nos defender, enquanto mulheres como as que riam ao lado da pessoa em questão estão contribuindo para que mulheres percam seus espaços seja na política, no esporte ou tendo que utilizar o mesmo banheiro que homens. (Erika) ocupa um espaço de mulher para de forma agressiva gritar com mulheres.(...) Meu cabelo pode até mudar se eu fizer hidratação, MAS algumas coisas NUNCA irão mudar. NUNCA! ", comentou a deputada.
Histórico transfóbico de Nikolas Ferreira
Não é a primeira vez que o deputado comete ataques transfóbicos contra parlamentares trans. Em 2020, Nikolas até então vereador, chamou Duda Salabert (PDT-MG), uma mulher trans, na época vereadora, de "ele" em uma entrevista. Em 2023, a justiça condenou Nikolas Ferreira em segunda instância por transfobia e estipulou indenização de R$30mil, pois, o parlamentar chegou a repercutir a matéria em suas redes sociais, insistindo na ofensa.
Nikolas também foi à tribuna da Câmara usando peruca loira no Dia Internacional da Mulher de 2023 dizendo que se sentia mulher e se chamou de "deputada Nikole", em provocação a Duda, Erika e todas as pessoas trans.
Em agosto de 2023, o Supremo Tribunal Federal determinou que atos de homofobia e transfobia fossem enquadrados como crime de injúria racial. Desta forma, o agressor não tem direito à fiança nem limite de tempo para responder judicialmente, ou seja, o crime não prescreve. A pena para atos dessa natureza é de dois a cinco anos de prisão.