
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, declarou que a vacina contra a dengue não será ofertada nas escolas públicas do país. Segundo ele, a decisão se deve à recomendação específica da Organização Mundial da Saúde (OMS) e à limitação da disponibilidade do imunizante.
A declaração foi feita durante a 45ª edição do Sangue Corinthiano, campanha de doação de sangue realizada no estádio do Corinthians.
Padilha explicou que o Ministério da Saúde segue a diretriz da OMS, que indica a aplicação da vacina em uma faixa etária determinada. Atualmente, o imunizante está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos de idade.
A vacina em uso é a Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica Takeda, e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação em pessoas de 4 a 60 anos.
"O Brasil comprou toda a produção dessa vacina para poder distribuí-la aqui, mas a nossa grande aposta de vacinação é com aquilo que está sendo desenvolvido junto com o Instituto Butantan", afirmou Padilha.
O ministro ressaltou que, com um imunizante produzido nacionalmente, será possível ampliar o público-alvo e estruturar um programa de vacinação mais abrangente contra a dengue.
Especialistas consultados pela reportagem em fevereiro deste ano apontaram que a ausência da vacinação nas escolas é um dos fatores que contribuem para os baixos índices de cobertura vacinal. Além disso, a indisponibilidade da vacina em todos os municípios representa outro entrave para sua inclusão no calendário escolar.
"Colocamos no calendário aquelas vacinas que chegam a todos os municípios ou que têm ampla escala de distribuição", destacou Padilha.
Ao ser questionado sobre a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que trata da proibição do bloqueio hormonal em crianças e adolescentes transexuais, Padilha afirmou que não comentaria o tema, pois a medida ainda não foi publicada oficialmente no Diário Oficial da União.
Em dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde lançou o programa PopTrans (Programa de Atenção à Saúde da População Trans), destinado ao acompanhamento de pessoas trans ao longo de toda a vida. No entanto, o projeto encontra-se atualmente paralisado.
Sobre a possível retomada da iniciativa, Padilha informou que, com apenas um mês à frente da pasta, está focado em cuidar da saúde de toda a população brasileira, considerando suas diferentes características e assegurando o acesso a serviços adequados.
"Começamos esses 30 dias com algumas prioridades: colocar de pé a campanha de vacinação, promover saúde nas escolas, e intensificar as ações de combate à dengue durante o mês de março, que também foi um mês focado na saúde integral das mulheres, e abril, na população indígena", afirmou.
Padilha acrescentou que a meta é cumprir a agenda definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reduzir o tempo de espera por atendimentos especializados, otimizar os serviços e garantir qualidade no atendimento.
"Vamos tratar, sim, de outros temas. Vamos reunir especialistas e representantes da sociedade para dar andamento a várias políticas do ministério", concluiu, sem definir uma data para a retomada do PopTrans.