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Michel Temer aponta instabilidade no governo Lula e alerta sobre credibilidade do país

Ex-presidente ressalta que diferenças entre ministros têm afetado a estabilidade política no Brasil

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O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta diversas divergências internas, o que gera instabilidade e pode comprometer a credibilidade do país.

Em sua fala, o ex-presidente não mencionou nomes específicos, mas fez referência a diferenças de opiniões entre os ministros. “Quando um ministro piscava feio para o outro [no meu governo], eu chamava os dois e resolvia”, disse Temer, destacando sua postura em momentos de tensão no governo.

A declaração foi feita durante a participação do ex-presidente na Brazil Conference, evento organizado por estudantes brasileiros das universidades Harvard e MIT, em Cambridge, nos Estados Unidos.

Segundo Temer, “o que há é isso, seja em função de partido, há muita divergência. Isso causa instabilidade. Nós que estamos olhando de fora queremos segurança”, comentou, se referindo à situação política atual no Brasil.

As divergências entre ministros na área econômica têm sido uma característica marcante do governo Lula. As discordâncias mais notáveis ocorrem entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Haddad, frequentemente, defende uma agenda de contenção de gastos para garantir o equilíbrio fiscal, postura que tem gerado críticas dentro de seu próprio partido, o PT. Por outro lado, Rui Costa considera que essa agenda pode prejudicar investimentos em obras e outras medidas que poderiam representar vitórias políticas para o governo.

Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, também tem feito críticas a Haddad em conversas privadas, alinhando-se à postura do ministro da Casa Civil.

Durante o evento, Temer também foi questionado sobre qual conselho daria ao presidente da Câmara, Hugo Motta, e recomendou que ele se mantivesse fiel à Constituição. O ex-presidente ainda enfatizou a importância do diálogo entre os Poderes para garantir a “harmonia institucional”.

“A gente acha que quem ocupa um espaço de poder é senhor absoluto daquele poder. O que está na Constituição não é vontade do constituinte. Eu representei [quando presidente da Câmara] a vontade da única autoridade que existe no país, que é o povo”, declarou Temer.

O ex-presidente lembrou que, durante seu tempo no cargo, era criticado por conversar com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de outros Poderes, mas encorajou Motta a seguir esse exemplo em busca de consensos. “Como você harmoniza as relações institucionais se você não dialogar com as pessoas de diversos poderes?”, questionou.

Em sua fala, Temer também fez um elogio ao STF, especialmente ao ministro Gilmar Mendes, presente na plateia, destacando o esforço da Corte para preservar a democracia no Brasil. “Tenho convicção que ele vai cumprir o texto como contribuir para a democracia plena, que temos hoje no Brasil. O STF fez um esforço extraordinário para manter íntegra a democracia brasileira”, afirmou.

Em relação à pressão da oposição pela aprovação de um projeto que concederia anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro, Temer mencionou a articulação de Motta, que tem buscado um acordo entre o STF e o governo.

O ex-presidente também comentou sobre a relação entre o governo Lula e o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que a interação deve ser no campo “institucional”. “A relação não é de Donald Trump com Luiz Inácio. É entre o presidente dos EUA com o do Brasil. As pessoas têm que ter consciência disso. Adotou-se uma técnica de simpatia por alguns presidentes ou candidatos”, disse Temer.

Temer acrescentou que a relação não deve ser baseada na simpatia entre Luiz Inácio e Trump, ou entre qualquer outro líder, mas sim no respeito institucional entre os países.

Enquanto isso, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentam se beneficiar da proximidade com o governo Trump para pressionar pela imposição de sanções a ministros do STF e ajudar no processo contra Bolsonaro. Por sua parte, Lula tem procurado adotar uma postura pragmática, a fim de evitar que medidas prejudiciais ao Brasil sejam tomadas, como a imposição de tarifas por parte dos EUA.

Além de Temer, participaram da Brazil Conference o ministro Gilmar Mendes, do STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o prefeito de Recife, João Campos, e a deputada Tábata Amaral (PSB).

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