Os brasileiros vão às urnas neste domingo, 30, para definir o nome do próximo presidente do país. Mas, que Brasil o presidente que for eleito vai assumir em 2023? Qual o maior desafio para ele?
De acordo com o cientista político Guilherme Carvalho, independentemente de quem vença a a eleição, o maior desafio será o orçamentário.
"Sem dúvida nenhuma o desafio orçamentário também perpassará um desafio de governabilidade, isso quer dizer que o próximo presidente, seja Bolsonaro ou Lula, terá que repactuar ou manter a situação como está", afirma Guilherme.
Segundo o cientista político, a maior parte do orçamento previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, está concentrado na mão do Congresso Nacional e isso quer dizer que o Presidente da República eleito, perdeu o poder de agenda de coordenar as políticas públicas a nível local, a nível dos estados e a nível dos municípios. Isso ocorreu por causa do pacto que o presidente Bolsonaro fez com o Congresso Nacional.
"A gente tem duas visões distintas, no caso de Lula, isso impacta diretamente na forma como ele pretende governar, porque pro ano que vem, ele já não tem orçamento para governo. Então ele teria que reestruturar essa relação com o Congresso Nacional e ver sobre quais bases, inclusive orçamentárias, a relação sobre os dois poderes se dariam", destaca Guilherme.
Para ele, no caso de Bolsonaro, em momento nenhum ficou claro o que ele pretende fazer em relação a governabilidade. "A única coisa que ele diz é que elegeu a maior bancada afável à ele, mas não é bem assim, as coisas em política não funcionam por afabilidade, funcionam por agenda ou interesse que tem por determinadas bandeiras, determinados setores da sociedade que pretende influenciar. E com o orçamento na mão do congresso o presidente Bolsonaro não tem poder de agenda para o ano que vem, assim como o ex-presidente Lula", explica.
Conforme o cientista político, precisamos saber se algo que o futuro presidente pretende ou prometeu fazer com as bases conta com dinheiro, porque se conta, a gente tem um novo flanco de abertura para uma nova crise institucional, só que dessa vez com o poder Legislativo, onde o presidente teria de abrir uma briga explícita com o poder Legislativo, para poder tomar o poder orçamentário que ele já não detém mais.
De modo geral, segundo Guilherme, o maior desafio é reconstituir as bases orçamentárias do Brasil que foram desvirtuadas pra um instrumento não republicano que é o orçamento secreto, o que não será fácil, porque mexe diretamente com os interesses da maior parte dos parlamentares brasileiros, sejam bolsonaristas ou não, mas que contam com esse dinheiro para influenciar principalmente prefeitos, já pensando na eleição de 2024.