
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), criticou duramente o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), durante um almoço com integrantes do União Brasil e membros do governo federal, entre eles a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT).
Segundo relatos de cinco políticos presentes ou que ouviram descrições do encontro, Alcolumbre insinuou a existência de suspeitas de corrupção envolvendo Silveira, sem, no entanto, apresentar detalhes ou provas concretas.
Conforme políticos que estiveram com o presidente do Senado nas últimas semanas, ele tem manifestado insatisfação recorrente com o titular da pasta de Minas e Energia.
Procurado, o gabinete de Alcolumbre afirmou, por meio de nota: “O presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre, não comentará sobre falsas intrigas e especulações que não são verdadeiras. A sua prioridade é seguir trabalhando para melhorar a vida dos brasileiros”.
A equipe do ministro Alexandre Silveira também se manifestou, afirmando que ele “não comenta fofocas”. Segundo a nota: “Até mesmo por entender que o presidente Davi jamais faria qualquer tipo de afirmação inverídica ou maldosa ao seu respeito. Lamenta também a tentativa de criar intriga entre os dois, uma vez que mantém com o presidente do Senado, há anos, uma relação extremamente respeitosa”.
Silveira assumiu o Ministério de Minas e Energia na composição do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), indicado pelo PSD, com apoio de Alcolumbre e do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Entretanto, Alcolumbre rompeu com o ministro e, desde o fim de 2024, tem transmitido a aliados no governo federal seu descontentamento com a atuação do titular da pasta.
Nas conversas, o senador tem afirmado que Silveira não conta mais com seu apoio para permanecer no cargo. Também teria perdido o respaldo de outros antigos aliados, como Rodrigo Pacheco e demais senadores. Interlocutores políticos afirmam que Alcolumbre conduz uma articulação explícita para retirá-lo do ministério.
Entre as declarações feitas pelo presidente do Senado, está a de que Silveira passou a ser integrante da chamada “cota pessoal” de Lula, deixando de representar o grupo político que o indicou. Essa movimentação ocorre num contexto de expectativa por mudanças ministeriais por parte do centrão.
Parlamentares do PSD, por sua vez, avaliam que uma eventual substituição no comando do Ministério de Minas e Energia pode aumentar o descontentamento da legenda com o governo federal. A bancada do partido na Câmara dos Deputados, por exemplo, já declarou não se sentir representada pelo Ministério da Pesca, e pleiteia o controle de uma pasta de maior relevância.
Segundo avaliação de políticos próximos ao governo, a relação direta construída entre o ministro e o presidente tem sido determinante para a sua permanência na pasta. Ainda assim, lideranças do centrão avaliam que a pressão liderada por Alcolumbre para a substituição segue crescendo.
No fim de março, Alcolumbre e Silveira participaram da comitiva internacional de Lula ao Japão e ao Vietnã. Relatos de três pessoas que acompanharam a viagem indicam que o ministro não manteve qualquer interação com o presidente do Senado ou com o senador Rodrigo Pacheco.