O governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Joe Biden, anunciou nesta quinta-feira, 5, que planeja expandir a barreira na fronteira com o México com o objetivo de controlar a entrada de imigrantes.
Para financiar essa expansão, serão utilizados fundos aprovados pelo Congresso durante o mandato do ex-presidente Donald Trump.
O secretário americano de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, enfatizou a urgência da medida para deter a entrada de imigrantes de forma irregular.
Essa decisão foi oficializada no "Federal Register" (correspondente ao Diário Oficial brasileiro) também nesta quinta-feira, 5.
As relações entre EUA e México
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, visitou o México para discutir questões migratórias e o tráfico de fentanil com o país vizinho.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, expressou sua preocupação, considerando a decisão um retrocesso.
Durante sua entrevista coletiva matinal habitual, antes de se reunir com o secretário Blinken, o presidente afirmou: "Esta autorização para a construção do muro é um retrocesso, porque não resolve o problema. É preciso abordar as causas da imigração irregular."
Biden respondeu, explicando que não pode realocar os recursos destinados à expansão do muro na fronteira com o México, pois foram designados para esse fim durante o mandato de Trump. Ele destacou que não é legalmente possível utilizar esse dinheiro para outra finalidade.
Para instalar essas "barreiras físicas e caminhos adicionais" no Texas, o governo optou por revogar cerca de 20 leis e regulamentações federais, incluindo muitas de natureza ambiental.
Ao longo de décadas, diferentes governos, tanto republicanos quanto democratas, construíram algum tipo de barreira nas zonas fronteiriças com o México para controlar a entrada de migrantes, muitos deles latino-americanos, que buscam uma vida melhor nos Estados Unidos.
Donald Trump, possível adversário de Biden nas eleições presidenciais de 2024, priorizou a construção do muro na fronteira como parte de sua política e afirmou que o México arcaria com os custos.
Recursos de 2019
Ao assumir o cargo, Biden suspendeu a construção do muro e interrompeu o desvio de fundos para sua continuação.
Ele argumentou repetidamente que a construção do muro não era uma solução eficaz para o problema, pedindo ao Congresso que alocasse o montante para reforçar a segurança fronteiriça por meio do uso de tecnologia.
No entanto, agora optou por utilizar uma verba do ano fiscal de 2019, ainda no mandato de Trump, quando o Congresso aprovou fundos para a construção da barreira na região do Vale do Rio Grande.
Os novos segmentos da barreira serão erguidos nessa área devido ao alto número de entradas ilegais, justificou Mayorkas.
De outubro de 2022 até o início de agosto, a patrulha fronteiriça interceptou mais de 245 mil pessoas tentando entrar no país pelos portos de entrada dessa região. Nas últimas semanas, tem havido um aumento no número de migrantes que chegam à fronteira sem a documentação necessária para atravessar, tornando a questão da imigração um desafio para a reeleição de Biden.
Trump: "belo muro"
A reação de Trump, favorito para a indicação republicana na disputa do próximo ano, foi imediata em sua plataforma Truth Social.
Ele afirmou que a ação de Biden mostra que ele "estava certo ao construir 560 milhas de um belo e novo muro de fronteira", questionando se "Joe Biden pedirá desculpas por demorar tanto para agir e por permitir" que o "país seja inundado com 15 milhões de migrantes ilegais de lugares desconhecidos".
As pressões não vêm apenas dos republicanos, mas também das cidades governadas pelos correligionários democratas, que estão sobrecarregadas pela chegada de milhares de migrantes. Isso levou Biden a adotar várias medidas nas últimas semanas, como o envio de mais 800 militares para a fronteira "para auxiliar na logística", e a concessão de proteção migratória a quase meio milhão de venezuelanos.