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A Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) apreendeu um adolescente acusado de ameaçar e perseguir a advogada que realiza defesa de sua mãe em um processo que investiga o caso de violência doméstica contra seu pai. O fato ocorreu no último sábado, 24, na cidade de Formosa, interior do estado.
De acordo com o delegado que preside o inquérito do caso, Yasser Yassine, após ser apreendido pelas autoridades o menor confessou a realização das ameaças contra a advogada Amanda Alves. Segundo o depoimento prestado pelo menor, a profissional do direito induziu sua mãe a se separar de seu pai, o acusando de ter cometido o crime de agressão contra ela, além disso, ele também atribui a Amanda a responsabilidade pela prisão do genitor após ele ter descumprido determinação judicial.
A advogada Amanda Alves registrou Boletim de Ocorrência na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), informando que o jovem a ofendeu com palavrões dizendo que tiraria sua vida usando uma arma de fogo. Segundo ela, sem compreender a real situação que o genitor se encontra, o menor preferiu transferir a culpa a outra pessoa.
“Me senti muito desrespeitada. Porque pelo genitor dele estar sofrendo as consequências das próprias atitudes, ao invés de enxergar a real situação, preferiu simplesmente me culpar por eu estar só fazendo meu trabalho em defender a mãe dele. Quem dá ordem de prisão, de apreensão é o juiz, não é o advogado. Acho que ele achou mais fácil ameaçar uma advogada, uma mulher.” Lamentou Dra. Amanda Alves
Amanda acredita, no entanto, que as ameaças não tenham origem apenas no menor, podendo haver influência do ex-marido de sua cliente.
“Antes da primeira audiência na ação civil, o genitor me ameaçou. Quando o pai foi preso por descumprir as medidas protetivas da ex companheira, acredito que o filho “seguiu o exemplo do pai”, mas de forma pior, pois o pai ameaçou me agredir, mas o filho ameaçou me matar. Eu tentei evitar qualquer atitude enquanto pude, em consideração a minha cliente, mas infelizmente chegou em um ponto que não tive mais como ignorar.” Dra. Amanda Alves
Ela afirma que o comportamento reproduzido pelo filho da cliente, seja um reflexo da cultura machista existente na sociedade atual.
“Infelizmente ainda acham que não é crime ameaçar uma mulher, mas é crime sim. E ameaçar uma advogada é uma ameaça à própria justiça, ao direito de defesa. Isso não pode ser tolerado. Se eu fosse homem, será que eles teriam se sentido tão confortáveis em me ameaçar? em me ofender? Será? Tenho certeza que não.” Dra. Amanda Alves
A operadora do direito salienta que deveria existir, por parte do poder judiciário, um meio de fornecer acompanhamento psicológico a menores membros de famílias que enfrentam situações semelhantes a esta.
“Acho que a justiça deveria ter um mecanismo para fornecer um acompanhamento psicológico ao menor. Infelizmente algumas causas de família trazem uma carga emocional muito pesada, não é apenas o direito puro. Lidamos com muitos fatores que envolvem muitos traumas, ressentimentos, falta de perdão e relacionamentos tóxicos. Os pais precisam entender que usar os filhos como mecanismos de vingança contra um ex companheiro ou ex companheira, é muito grave e prejudicial aos filhos. Acredito que nesse caso, o filho quis “copiar” os maus exemplos do pai, talvez acreditando na impunidade por ser menor. Mas se ficar comprovado que realmente o genitor vinha incentivando o filho a cometer algo ilegal, ele pode sim, responder por isso.” Dra. Amanda Alves
Ela finaliza argumentando que mulheres não devem renunciar a seu espaço e direitos.
“Lutar por justiça, se posicionar, não abrir mão de “ter voz”, trabalhar e ter êxito no seu trabalho, incomoda muita gente, mas não desistam! Não abram mão do espaço que lutamos tanto para conseguir. Não tenha medo de lutar por seus direitos. Cabeça erguida, fé e coragem sempre. Essa é minha mensagem.” Dra. Amanda Alves
