O ano completou sua metade e o mercado de videogames atravessa um momento crucial para os jogadores: os mais aguardados já chegaram, estão 'full' nos consoles e a comunidade especula quais serão os melhores do ano.
É um batismo comum a cada ciclo definir quem foi o melhor, quem chegou quase lá e quem entra, definitivamente, para a história - seja por vencer ou pelo simples fato de ser ignorado ou ter protagonizado uma derrota honrosa.
“Pong” (1972), “Space Invaders” (1978), “Pac Man” (1980), “Donkey Kong” (1981), “Tetris” (1984), “Super Mario” (1985) e “The Legend of Zelda” (1986) marcaram seus anos, gerando discussões, reportagens especializadas e muita memória afetiva pelos prêmios arrebatados.
Nas décadas posteriores o mesmo ocorreu com “Super Mario World” (1990), “Sonic” (1991), “007-Golden Eye” (1997), “Tony Hawk's Pro Skater 2” (2000), “Resident Evil 4” (2004), “The Witcher 3” (2014), “God of War” (2018), “The Last of Us 2” (2020), dentre outros.
Eles venceram as disputas de seus anos. Foram os mais badalados e vendidos. O tempo passou e - é verdade - muitos derrotados perduraram, caso de “River Raid” (1982), que perdeu para “Q*bert”. Naquele mesmo ano, “Pitfall” foi também derrotado, mas acabou ainda mais presente na memória dos jogadores, com seus padrões de action game. Outros jogos, como “Call of Duty”, “Fifa”, “PES”, “Assassins Creed”, dentre tantos, marcaram época, mas jamais levaram o emblema de melhor do ano.
Outros vencem, mas não capitalizam fama. “Breakout” (1976), eleito informalmente o melhor daquele ano, mas sem a popularidade dos games de hoje, é um marco da revolução digital. Feito por Steve Wozniak, criador da Apple, ao lado de Steve Jobs, que também participou do design do game, o jogo influenciou a elaboração dos equipamentos da Apple desenvolvidos na década seguinte. E de quebra um dos mais jogados da história - “Tetris”.
Neste momento, a indústria é outra: corporativa, personalista e bilionária. Gasta-se dez vezes mais com games do que com outras indústrias. Por isso a pergunta: quem marcará 2023?
Até a metade do ano, dois jogos firmaram presença nas principais listas: “Hogwarts Legacy”, lançado em fevereiro, e “The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom”, que chegou em maio. Daqui deve sair o melhor do ano.
“The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom” tem 95 de metascore - pontuação considerada alta no Metacritic. É um notão. Mas justificável: primeiro, tem a linhagem da saga mais premiada da história. Oferece liberdade de jogo, puzzle geniais e desenho fantástico, no lápis de cor. O mapa é gigante e a física tornou-se desafiadora para a criatividade. É um jogo que você sai dele mais inteligente, com liberdade de se expressar como um player de volição.
Harry Potter
A equipe do DM jogou “Hogwarts Legacy” e se divertiu com a evolução da mitologia de Harry Potter para um mundo aberto. Você cria seu perfil no jogo e segue pelo universo da história, mas sem os personagens tradicionais. A batalha final é marcante. Sem level, você vai aprendendo na própria progressão do jogo. Tem que observar bem os NPCs (Non Player Character).
“Hogwarts Legacy” tem 84 metascore no momento. É o azarão do ano. Outro que chegou, “Star Wars Survivor” tem poucas chances. É uma repetição de outros jogos, um compilado de clichês.
‘Final Fantasy 16’ pode surpreender
Deste primeiro semestre, ainda deve marcar época “Resident Evil 4”, o remake, que tem metascore de 93 no Metacritic. O jogo conseguiu catalisar a atenção de novos players para um clássico do Game Cube, de 2005. O modo de jogo furtivo parece mais elaborado no remake. Mas a nota alta não justifica um “Game of The Year”, afinal o jogo já foi impactante nas gerações anteriores.
Até o final do ano, outros games podem surpreender a lista dos melhores, mas todos demais entram como jogos menores se comparados com o novo Zelda.
“Final Fantasy 16” chegou há uma semana, com foco nos gráficos, efeitos e combate frenético. Os chefões estão mais difíceis. Deste grupo, é o melhor até aqui. Quem jogou garante que se surpreendeu. Um dos motivos é que dentro de sua ‘lore’ ele inclui o drama contemporâneo da política e religião em excesso que transborda a pós-modernidade.
Espaço
A expectativa é de que “Starfield” chegue em setembro, com sua viagem pelo espaço em busca de respostas sobre a humanidade. O jogo pode impactar a comunidade gamer: a propaganda é de que a história é “madura” e o visual acachapante. Outro game com laços no passado, “Street Fighter 6” chegou para resgatar aquele público que gosta de brigas de rua, tão abandonada nas duas últimas gerações. Em poucas palavras, é um jogo em 3D para um público mais velho que comprou um PS5, que não sabemos sequer se gostará desta versão. Uma das perdas de “Street Fighter 6” diz respeito à trilha sonora ruim, distante dos temas épicos do passado.
“Starfield”, no entanto, pode ser uma grande surpresa ou grande decepção. Ele está prometendo muita coisa, o que é um ponto muito bom, mas a galera da comunidade tem medo de ser o mesmo caso De “No Man Sky”, ou seja, que se vendeu como um jogo inovador, e foi, verdade, completamente o contrário, com uma gameplay rasa, cheia de bugs e não entregando nada do que foi prometido.
Já “Dead Space 2 - remake” deve causar bastante nos próximos meses, principalmente pela atualização, até agora muito elogiada pelo respeito à mitologia da franquia. Por fim, “Assassins Creed - Mirage”, “Spider Man 2” e “Alan Wake 2” se engalfinharão em outubro. Com certeza, será o mês mais concorrido dos games neste ano.
Outro game para se ficar de olho: “AC Mirage”. A ubisoft ta presa na mesma fórmula desde o AC Origins (que foi inovador por colocar um sistema mais amplo de level e skilltree), mas eles estão presos nisso tem seis ou sete anos, muito poderzinho e luz para todo lado e uma história bem rasa, quase sem nenhuma investigação (que é a o centro do AC junto com a mecânica de stealth e parkour).