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Itens de ‘segunda mão’ movimentam economia goianiense

Forte em Goiânia, comércio de itens e produtos usados, como móveis, roupas, calçados, utensílios da moda veículos, tem clientela de diferentes faixas e classes

Os pregões em Goiânia são centenas. Com presença assídua em redes sociais e aplicativos, a Tropical Móveis tem sede no bairro Campinas – Foto: Italo Noleto Sobrinho/Divulgação Os pregões em Goiânia são centenas. Com presença assídua em redes sociais e aplicativos, a Tropical Móveis tem sede no bairro Campinas – Foto: Italo Noleto Sobrinho/Divulgação

A concentração de pontos comerciais do segmento de móveis e outros produtos usados chama atenção, com pregões funcionando em diferentes regiões de Goiânia. Setores, como Campinas (principalmente), Centro, Sul, Jardim América, Parque Amazônia, Jardim Novo Mundo e Pedro Ludovico, são os de maior número com estabelecimentos do ramo.

Mesmo com todo o avanço tecnológico da atualidade, parte desse comércio atua de maneira arcaica, uma resistência às novidades e, oposta a uma startup criada há pouco tempo por quatro jovens empresários e que cuida de todo o processo da venda de pertences usados que as pessoas optam desfazer.

Mas, mesmo assim, com bom faturamento em função da alta procura e compra de mercadorias e produtos disponibilizados nos chamados pregões que funcionam com número satisfatório de itens de qualidade e acessíveis aos consumidores, grupo de pessoas que cada vez mais tem interesse na aquisição de bens com preços reduzidos.

De cadeira, passando por geladeira, indo até completo jogo de quarto. Bicicleta, envolvendo também carros e até aeronaves.

Peças usadas de roupas e, calçados, utensílios da moda e bem-estar? Tem também, em brechós, como o Redemoinho (linha infantil), com sede no setor Marista; ou o Dona Carola, com retiradas de compras no setor Oeste (isso: segunda mão, pela internet!), são alternativas para aquisição de peças usadas de vestuários em geral.

Aos que buscam por equipamentos eletroeletrônicos usados, o leque de representações comerciais em Goiânia também é enorme. Um simples benjamin (adaptador de tomadas), uma fonte de alimentação, aparelho celular, pulseira inteligente (smartbands), um notebook, uma caixa de som e bluetooth e muito mais acha-se em lojas do ramo ou nas que também comercializam itens novos.

Localizada na avenida Honestino Guimarães, em Campinas, a Tropical Móveis está no mercado desde 1998. “Somos os pioneiros aqui da região”, expressou ao Diário da Manhã, Italo Noleto Sobrinho, gerente responsável, da mesma forma categorizando que no começo, os clientes “eram todos de porta e usávamos muito o telefone fixo para compra e venda. Hoje, migrou muito para a internet e, utilizamos bastante as plataformas do Facebook, OLX, Instagram e WhatsApp.” Esclarecendo que a loja é muito conhecida nas duas últimas, assegura que “atualmente, as vendas e compras são finalizadas tanto na loja como na internet, com bom volume”.

Sobre a questão de a clientela de mercadorias e produtos usados ser mais exigentes que anos atrás, o gerente explica: “Com o decorrer do tempo, as pessoas ficaram mais exigentes. Antigamente, era peça usada, hoje em dia tem que está muito conservado para a gente vender. De vez em quando, aparecem algumas peças antigas, mesmo na cor marrom, fogão com asa na lateral e, compramos porque estão bem conversado”.

Pelo fato de a Tropical trabalhar frequentemente com o outlet, “nossas peças são novas com um mínimo detalhe de transporte. São chamadas Avarias e, sendo assim, vendemos os itens de exposição. As mercadorias podem vir na caixa com isopor quebrado, plástico rasgado e outros”.

Fundada em 2001, com sede no Jardim Novo Mundo, o pregão Fábio Móveis Novos e Usados possui clientes fixados na região Leste, em outras partes de Goiânia e oriundos de cidades próximas. “Nossos clientes são da região toda de Goiânia e, vindos do interior, como senador Canedo, Aparecida de Goiânia, Bonfinópolis, Anápolis, Bela Vista [de Goiás] e outras cidades”, afirmou o proprietário Fábio Marques Paulino.

Sobre a relação padrão com a clientela, ele disse que a empresa atua dentro do padrão e da qualidade e, que “hoje, em dia, os clientes estão bem mais exigentes em relação às mercadorias seminovas, aliadas ao preço bom”.

A margem de lucro não é alta, declara, complementando que as vendas online causam queda acentuada “para quem tem loja física, como eu, que pago aluguel, funcionário, contador e os impostos”. A conta no Instagram – @fabiomoveisgyn –, ajuda alavancar as vendas.

Frisando que as dificuldades integram o cotidiano de empresários de todas as posições, Fábio relembra que “por pouco” não fechou as portas em consequência da pandemia da Covid-19. “Mas, graças a Deus e a minha experiência de pegar um móvel, reformar, retocar e arrumar para vender, isso não aconteceu. Foi bom!”.

Abordado pela reportagem, via telefonema, o proprietário de um pregão com endereço na região sudoeste goianiense, comunicou militar no ramo há 12 anos e que comercializa dezenas de itens das mobílias doméstica e para escritório. Após citar o seu nome (aqui preservado, da mesma forma o nome do comércio do mesmo) e tecer esse comentário, o entrevistado interrompeu a ligação. O entrevistador ligou novamente, com ele, que também tem anúncio de venda de um veículo na internet, não atendendo.

Veículos

Quesito veículo citado e, quando se pronuncia pregão, a lembrança imediata recai sobre móveis e utilitários do lar, mas o comércio de segunda mão vai mais além. Em bairros famosos, medianos e periféricos da capital de Goiás, outra alternativa visível é a das garagens e revendedoras de veículos.

Um negócio tão marcante, que os então pontos de vendas exclusivos de veículos zero quilômetro passaram a vender na forma usados. Algumas das lojas são suntuosas e estão nos setores Bueno, Marista, Aeroporto, Oeste, Nova Suíça, Jardim Goiás e, claro, em shopping centers.

Vendedor há seis anos e dois meses em estabelecimento do setor Aeroporto, Jorge Luís Miranda Filho, já havia atuado com as mesmas vendas outros 20 anos na mineira Belo Horizonte, onde nasceu e viveu até dos 44 anos.

“O volume dos negócios está apresentando bons números, baseando-se onde eu trabalho. Eles foram ‘lá embaixo’ devido a pandemia. A concorrência em Goiânia é fortíssima, os lucros não são melhores que dez, 15 anos atrás e, a gente, direção e equipe, vamos nos reinventando, com um ‘olho’ em cada lugar, sem ninguém jamais perder de vista a honestidade e o respeito aos nossos clientes”, crava.

Joias

Mostrando à reportagem adornos de ouro e prata exclusivamente usados, educado e fino comerciante do Centro de Goiânia destacou negociar esses bens há mais de 35 anos, no mesmo endereço, um espaço pequeno nas imediações do cruzamento das avenidas Anhanguera e Goiás.

“Com a minha idade [78 anos], eu poderia ter encerrado as atividades desde uns 15 anos atrás, já que meu filho optou ser policial e não tenho a quem da família repassar o negócio”, que, ele pondera, não deixar ninguém rico, “mas dá para ‘tocar’ a vida”, emendando ter comprado três casas (uma no Centro e duas no setor Pedro Ludovico) com os lucros. “Uma é a minha e de minha esposa. Outra ficou para nossa neta, que casou em 2012 e, mais uma, para aluguel”.

No meio da fala, sereno, extenso e desnecessário pedido de desculpa, pelo fato de não se permitir gravado, fotografado e, nem prática de registro de imagens da sede do empreendimento.

Preço sem ‘brincadeira’

A mesclagem economia x praticidade faz parte da vida de todos e, ao imaginar economizar e comprar algo usado, convém pesquisar, fazer criteriosa avaliação sobre as condições do que se pretende adquirir.

Entre os interessados na compra de bens de qualidade e com preços reduzidos junto aos pregões, pessoas de distintas classes sociais, faixa etária de idade e características familiares e profissionais.

É o caso da comerciária Luciana Magalhães Trucci, 49 anos, moradora do setor Negrão de Lima, Goiânia, que prefere comprar móveis usados, ao invés de novos. “Eu ‘tiro’ um tempo e vou pechinchar, pois tenho consciência da existência de boas opções, ao mesmo tempo em que peço desconto e até mesmo algum objeto de graça”, comenta. Ela enviou, atendendo pedido da reportagem, uma foto de móvel adquirido três meses atrás em um pregão que funciona no setor Pedro Ludovico.

Desde os tempos em que tinha a esposa Manoela Araújo Oliveira, falecida no mês de dezembro de 2021, vítima de um câncer, Hermes Santos e Oliveira, 60 anos, vendedor de cosméticos, compra habitualmente em pregões e lojas que vendem outras espécies usadas. “A gente ganha pouco, age dentro dos limites permitidos e, por acaso ou não, compro somente fazendo orçamento, antes. Não é brincadeira o preço de tudo que a gente precisa. Semana passada, mesmo, eu comprei uma cadeira de ‘descanso’ seminova por bom preço”, assinala.

Reportagem deste periódico destaca a comercialização de peças de segunda mão e se boa parcela da população prefere essa opção – indo até pontos comerciais de produtos de segunda mão –, outra parte, já em 2017, comprava pela internet, claro, onde também é comprado tudo usado.

Você, leitor, já efetuou compra em algum pregão de Goiânia?


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Estabelecimentos de ramo com clientela cativa. Um deles é o Fábio Móveis Novos e Usados, no Jardim Novo Mundo – Foto: Fábio Marques Paulino/Divulgação.


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