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Dólar tem sessão de volatilidade após nova retaliação da China em tarifas; Bolsa sobe

O dólar apresenta leve queda nesta sexta-feira (11), em sessão volátil marcada pela nova retaliação da China aos Estados Unidos na guerra de tarifas.

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O dólar apresenta leve queda nesta sexta-feira (11), em sessão volátil marcada pela nova retaliação da China aos Estados Unidos na guerra de tarifas.

O país asiático anunciou taxas de 125% a produtos norte-americanos, em resposta aos encargos do presidente Donald Trump.

Às 12h49, a moeda norte-americana perdia 0,23%, a R$ 5,884. A Bolsa, por outro lado, subia 0,33%, a 126.777 pontos.

O Ministério das Finanças chinês anunciou que vai aumentar no sábado as tarifas sobre produtos dos Estados Unidos de 84% para 125%, em uma nova escalada da disputa comercial entre os dois países.

O porta-voz do ministério, em declaração publicada no site do órgão, afirmou: "Diante do fato de que, no atual nível de tarifas, não há possibilidade de aceitação pelo mercado de produtos dos EUA exportados para a China, se o lado americano continuar a impor tarifas sobre produtos da China, o lado chinês vai ignorá-las".

Já o líder chinês, Xi Jinping, disse, na Casa de Hóspedes Diaoyutai, que "não há vencedor numa guerra de tarifas, e ir contra o mundo levará ao isolamento".

A medida responde às tarifas de 145% impostas pela Casa Branca a Pequim. As duas maiores economias do mundo estão em cabo de guerra desde quarta-feira da semana passada, 2 de abril, quando Trump tornou o tarifaço público. Inicialmente, a China seria taxada em 34%, além do piso básico de 10% para todas as importações que chegam aos EUA e de outras tarifas impostas ao país asiático ao longo dos últimos três meses.

A China, em resposta, replicou com tarifas da mesma magnitude. Trump, então, subiu a régua para 50% caso a retaliação não fosse suspensa, levando o montante total a 104%. Pequim não recuou. Pelo contrário: aumentou as taxas sobre os EUA para 84%, o que culminou em encargos de 145% por parte do governo norte-americano.

Trump, em entrevista, repetiu que não descarta um acordo com a China nem um encontro com Xi Jinping, a quem classificou como "uma das pessoas mais inteligentes do mundo", que "sabe o que tem que ser feito".

"Acho que o presidente Xi é um cara muito inteligente e acho que vão acabar fazendo um ótimo acordo para os dois [países]", disse no Salão Oval da Casa Branca.

O foco dos acordos, no entanto, está direcionado a países como Vietnã, Japão e Coreia do Sul. Os EUA também suspenderam parte da aplicação das tarifas recíprocas a alguns parceiros comerciais por 90 dias, adotando uma taxa básica de 10% a todas as importações durante o período de negociações.

A escalada de tarifas impôs cautela nas negociações globais ao longo da semana. Nesta sexta, porém, os investidores parecem motivados a buscar ativos mais arriscados. O apetite se traduz em ganhos nos mercados acionários, sobretudo na Ásia e em Wall Street, e no câmbio, com o dólar perdendo força globalmente

Segundo Eduardo Moutinho, analista de mercado do Ebury Bank, esse movimento tem pé na percepção de que os Estados Unidos sairão prejudicados da disputa, o que tem levado à fuga de ativos de lá —notadamente o dólar e os títulos ligados ao Tesouro norte-americano, os treasuries.

"A narrativa de 'vender tudo dos EUA' estava viva e ativa nos mercados. Em períodos normais de estresse, os ativos dos EUA se saíram bem. Isso virou de cabeça para baixo desde a semana passada, com os investidores parecendo perder a confiança na posição dos EUA como o pilar do excepcionalismo."

O índice DXY —que mede a força do dólar em relação a seis outras moedas fortes— tinha queda de 1%, a 99,95. A leitura abaixo de 100 indica enfraquecimento da divisa dos EUA globalmente.

"A represália chinesa impulsiona ativos vistos como de refúgio. O ouro está com 6% de alta semanal, e o iene japonês acumula valorização de 2,82% até este presente momento", comenta Márcio Riauba, chefe da mesa de operações da Stonex Banco de Câmbio.

Além disso, diante da proximidade de um fim de semana que deve guardar mais desdobramentos da guerra comercial, os agentes financeiros também aproveitam para realizar lucros e ajustar posições de investimento.

Mas ainda há cautela no mercado. O temor é que a disputa tarifária afete profundamente o comércio internacional pela diminuição de fluxos e encarecimento de produtos-chave nas cadeias de abastecimento. Segundo a diretora-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Ngozi Okonjo-Iweala, a guerra de tarifas pode diminuir o comércio entre China e Estados Unidos em até 80%, resultando em uma queda de 7% no PIB global.

A consequência desse movimento também pode ser de uma recessão nos Estados Unidos. O choque tarifário pode aumentar a inflação em meio à desaceleração da atividade, cenário desenhado por especialistas como de uma "estagflação", isto é, quando os preços sobem e a economia fica estagnada.

Segundo análises do banco JPMorgan, o tarifaço elevou os riscos de uma recessão global e dos Estados Unidos de 40% para 60% em apenas uma semana.

A escalada entre chineses e norte-americanos também respinga no Brasil dada a exposição do país a commodities, cujo maior mercado consumidor é a China. Com a visão de uma economia prejudicada pela escalada tarifária, a expectativa é que Pequim consuma menos matérias-primas, especialmente petróleo e minério de ferro, dois grandes componentes da balança comercial brasileira.

Por aqui, divulgações macroeconômicas também pautam as negociações. O IBC-Br, considerado uma "prévia do PIB", mostrou que a atividade cresceu mais do que o esperado em fevereiro com impulso do setor agropecuário, mesmo em meio ao ciclo de aperto de juros e às expectativas de desaceleração da economia.

O índice subiu 0,4% em fevereiro, segundo o BC (Banco Central), e 4,1% na base anual. A expectativa do mercado era de 0,3% e 3,6%, respectivamente.

Já o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que a inflação de março desacelerou em linha com o esperado em relação ao mês anterior.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,56% na base mensal. Em fevereiro, o índice havia saltado para 1,31%. Esta é a maior leitura para um mês de março desde 2023, quando índice subiu 0,71%

A inflação agora está no patamar de 5,48% na base anual.

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