Meu primeiro contato com o novo Fiat Pulse com a assinatura Abarth foi no Autódromo de Tarumã, no Rio Grande do Sul, em novembro do ano passado. O “suvinho apimentado” da marca italiana estreava ali um jeito esportivo diferente, com pegada forte e prometendo fazer barulho. Antes de assumir o volante do novo esportivo naquele momento, procurei entender a proposta da Fiat em vestir seu modelo compacto com o espírito de competição Abarth.
O que o Pulse mostrou na pista do autódromo gaúcho deixou
claro que faria muito barulho no segmento. Afinal, é um Pulse que nasceu SUV e
que ganhou uma versão para aguçar os consumidores mais jovens. A melhor das
surpresas veio com o “suvinho” de visual todo logotipado externamente com a
inscrição Abarth na grade dianteira, nas laterais e na tampa traseira indo para
a pista. Ai, sim, o bicho pegou de verdade.
“Brutinho”
Com toda liberdade para pisar no “brutinho” da Fiat, mas devidamente cercado e paramentado com os apetrechos de segurança, demos algumas voltas. As primeiras foram para conhecer melhor o traçado da pista rápida de Tarumã e pegar o jeito de dirigir o Pulse Abarth com sua proposta esportiva. Fiz o que minha capacidade de acelerar até o limite de segurança permitiu. Saí do carro com as pernas até bambas e bastante empolgado com sua pegada atrevida.
Só dirigir não foi o suficiente. Senti vontade de ir mais
além nas emoções que um carro esportivo proporciona nas pistas quando pilotado
por quem conhece do ofício. Pedi ao Ricardo Dilser, diretor técnico da
Stellantis América do Sul e também piloto de testes, para me acompanhar com umas
voltas na pista. Com ele, pilotando, claro. Ai, sim, deu para sentir
verdadeiramente que o Pulse era mesmo diferenciado na pegada. Dilser conhece
muito de direção com alta performance e arrancou tudo que o SUV oferece em
desempenho.
Teste
Depois de Tarumã, recebemos o SUV esportivo para avaliação. Você percebeu que estamos falando de um SUV, né! O modelo da Fiat, com a marca Abarth, ganhou espírito de competidor. A fabricante, do Grupo Stellantis, fez do Pulse o primeiro SUV com roupagem Abarth no mundo. Na pista, continua um SUV, mas com dirigibilidade de um carro de pista. Os ajustes na suspensão são os ingredientes da receita empregada pela marca e segue o bom tempero de modelos como o subcompacto 500 Abarth e outros que tiveram espaço no mercado, como o Punto T-Jet e o Tempra.
O Fiat Pulse com a
marca do escorpião foi anunciado com certa desconfiança, embora a tradição da
Fiat fosse a credencial que traria a certeza de um produto com uma receita de
sucesso. A identificação Abarth é marcante no SUV de rua com espírito esportivo.
A grade dianteira traz o escudo Abarth estampando um escorpião tão venenoso
como o escorpião-amarelo, inserida também no centro da direção e na plaqueta
posicionada no lado direito do painel, à frente do passageiro.
Ronco do motor
Das impressões visuais externas e internas, o Pulse Abarth começa a mostrar a que veio com o acionamento do botão de partida. O ronco do motor remete também a um esportivo. A propósito, o propulsor que está sob o capô do Fiat Pulse Abarth é o mesmo 1.3 Turbo Flex que equipa seus irmãos, a picape Strada e o SUV Cupê Fastback, e modelos da Jeep, como o Renegade, Compass e o Commander. Ele rende 180 cv com gasolina e 185 cv com etanol e 27,5 kfm de torque, acoplado ao mesmo câmbio automática de 6 marchas dos modelos mencionados.
No Pulse com a assinatura Abarth, o naturalmente
“atrevidinho” motor 1.3 ganhou uma nova calibração. A engenharia da Fiat
alterou todos os seus sistemas eletrônicos para mudar o comportamento e dar
mais atitude ao Abarth. O ronco gostoso de ouvir é resultado de uma nova
programação do motor, conjugado com um conjunto de abafadores.
Suspensão calibrada
Além da mexida no motor 1.3 Turbo, indispensável para torná-lo mais agressivo, a Fiat promoveu também uma nova calibração nas molas e amortecedores, deixando-os 13% mais rígidos em relação ao Pulse convencional. A barra estabilizadora mais grossa, agora com 20 mm, melhorou a barra de rolagem da carroceria sem alterar muito a altura do solo. No Pulse Abarth mede 217 mm, enquanto na versão normal é de 224 mm.
As alterações visaram deixar o SUV com a sigla do escorpião
mais no chão, sem fugir, contudo, da sua característica de SUV. Outra mexida
foi no eixo traseiro, exclusivo no Abarth e 15% mais rígido. Não dava apenas
para dar aparência Abarth ao Pulse para vender um esportivo caracterizado
apenas pelo visual. A proposta do escorpião é garantir verdadeiramente carros
de “pegada esportiva”. Dessa forma, além também do motor reprogramado,
trabalhar uma suspensão mais firme era indispensável. De fato, o Pulse Abarth é
bem mais durinho.
SUV Abarth
No SUV Abarth a direção elétrica é mais direta e comunica melhor com os comandos de quem está na direção. O vetorizador de torque atua bem nas entradas e saídas de curvas, trabalhando em sintonia com o controle de tração e estabilidade. As rodas de 17" são mais leves e largas (17x7" versus as 17x6" no Pulse Impetus) e calça pneus 215/50. Na versão convencional medem 205/50.
Definitivamente, dos modelos da Fiat e Jeep que utilizam o
motor 1.3 Tubo Flex (T270), nenhum pode ser comparado com a dinâmica de desempenho do
Pulse Abarth. Nem o Fastback que é tratado de alguma forma como Abarth pela sua
proposta esportiva sem ser na sua essência um esportivo. Não mesmo!
Nos demais modelos, o motor 1.3 Turbo prioriza uma condução mais confortável e econômica. No Pulse Abarth, a força e a potência estão sempre em alerta. Um simples toque no acelerador faz o motor reagir forte e mostrar no seu ronco que está acordadíssimo. Para quem não está acostumado com a versão Abarth, um pouco de atenção é bom. Lembre-se que o torque alto já se apresenta em baixas rotações. O acelerador é mais direto e responsivo e se não estiver atento a brincadeira pode ser encerrada logo nos primeiros metros.
Pesando 1.281 kg e mesmo com um motor “brabo”, o Pulse
Abarth é relativamente econômico, principalmente por ser um esportivo. Na cidade,
rodando com o tempo chuvoso e, portanto, sob um clima menos quente, o consumo
ficou na casa dos 8,5 km/litro, com etanol. Um modo de condução Eco poderia
resultar num consumo menor. Esportivo que é esportivo não tem direção macia
demais. O Pulse Abarth é assim na direção um pouco mais pesada do que no Pulse
convencional. Portanto, saiba que você comprou um esportivo e não espere dele
tanto conforto assim a bordo. Direção e suspensão seguem a linha de competição,
ou seja, são mais rígidos.
Me peguei em alguns momentos abrindo a janela do Pulse
Abarth para ouvir a mistura de ronco do escape e do turbo enchendo nas faixas
intermediárias de rotação. Ele ganha velocidade e, nas trocas, dá até alguns
pipocos - e nem entramos no modo Poison ainda. Não poucos momentos acabei
costurando no trânsito das marginais de São Paulo empolgado com as respostas e
pelo fato de não ser um carro grande, que permite isso.
Botão Poison
Partindo para a estrada, o Fiat Pulse Abarth pode contar com outro parâmetro de condução e de consumo também. Quem está na direção não aguenta sentir um carro pedindo para voar baixo e acaba dando umas pisadas mais arrojadas. As respostas do motor turbo, com trocas de marchas muito curtas, são imediatas e nesses rompantes de piloto o consumo acaba não sendo o esperado. Mesmo assim o consumo foi de 11 km/l, com o mesmo combustível. E daí se o prazer de andar rápido e ouvindo o ronco que sai do escapamento fala mais alto.
Quer mais emoção? O Botão Poison cuida disso quando acionado.
O painel de 7" passa a ter outra configuração, o motor enche de mais
disposição com a pressão do turbo e o nível de potência. O acelerador fica mais
sensível e o ronco mais encorpado. Pura emoção. A carroceria torciona pouco nas
curvas e os pneus da Dunlop SP Sport rodam grudados no asfalto e a segurança na
condução mais afoita ganha respaldo na redução mais rápida das marchas.
frenagem
Na parte de frenagem, o Pulse Abarth traz tambores refrigerados
na traseira e as pedaleiras em alumínio dão mais um toque de esportividade ao
SUV Abarth. Destaque para equipamentos como o sistema multimídia de 10,1",
espelhamento sem fio, freio de estacionamento eletrônico com o útil autohold,
ar-condicionado automático, faróis em LEDs, alerta de colisão, alerta de saída
de faixa, chave presencial com partida remota e partida por botão. Faltou o piloto
automático adaptativo.
Os bancos são confortáveis e bastante ergonômicos. Quem anda
atrás não se sente muito desconfortável por conta do bom espaço traseiro e tem
ainda o conforto das saídas de ar.
Conclusão: Com sua especialidade em desenvolver carros de rua com boa disposição para andar, a Fiat caprichou no Pulse Abarth, cuja beleza externa chama muito a atenção e o motor é impressionante no desempenho. Gostei bastante da proposta ofertada pela Fiat no SUV Pulse e o preço de R$ 150 mil vale a pena pelo visual e pelas aceleradas com respostas apimentadas. Eu compraria.
Fiat Pulse Abarth T270 AT6
Motor: dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16
válvulas, 1.332 cm3, comando simples com variador no escape e MultiAir na
admissão, injeção direta, turbo, flex
Potência e torque: 180/185 cv a 5.750 rpm; 27,5 kgfm a 1.750 rpm
Transmissão: automática de 6 marchas; tração dianteira
Suspensão: McPherson na dianteira; eixo de torção na traseira; rodas de
17" com pneus 215/50 R17
Peso: 1.281 kg em ordem de marcha
Dimensões: Comprimento (4.115 mm), Largura (1.777 mm), Altura (1.544 mm)
e Entre-eixos ( 2.532)
Porta-malas: 370 litros
Tanque: 47 litros
Aceleração: 0 a 60 km/h: 3,5 s; 0 a 80 km/h: 5,2 s; 0 a 100 km/h: 7,5 s
Retomada: 40 a 100 km/h (em S): 5,7 s; 80 a 120 km/h (em S): 5,0 s
Freios: discos ventilados na dianteira, tambores na traseira; 60 km/h a
0: 12,2 m; 100 km/h a 0: 37,6 m
Consumo da avaliação: cidade: 8,5 km/litro ; estrada: 11 km/litro
(etanol)