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Virtuose da guitarra, Toninho Horta exibe destreza harmônica no Teatro Sesc

Músico recebe saxofonista Nivaldo Ornelas, em show realizado nesta terça-feira, 27, a partir das 20h

Debussy da guitarra: músico é conhecido pela habilidade no campo harmônico - Foto: Vitor Maciel/ Divulgação Debussy da guitarra: músico é conhecido pela habilidade no campo harmônico - Foto: Vitor Maciel/ Divulgação

A guitarra brasileiríssima de Toninho Horta, 75, ondula pelas estradas harmônicas, como se o instrumento fosse um morro sinuoso de Minas Gerais. Ele está em Goiânia, sorte nossa, para se apresentar no Teatro Sesc Centro (Rua 15), nesta terça-feira, 27, a partir das 20h.

Nas cordas graves (mizona, lá e ré), estica a linha de baixo, enquanto desenha arpejos descendentes e ascendentes. Explora, em seguida, os acordes de terças, que podem soar como flautas. Compassada e forte, a mão direita é responsável pela seção rítmica.

Toninho, gênio das seis cordas, descobriu que poderia minimizar as limitações guitarrísticas se mudasse a posição das notas dentro dos acordes. Tal invenção lhe possibilitaria novas posições para que os dedos explorassem o braço do instrumento, o que garantiria ao músico belo-horizontino assinatura sonora inigualável dentre instrumentistas brasileiros.

Quanto ao período mais fértil de sua vida em matéria criativa, o guitarrista mineiro nem pensa: “anos 70.” Já tinha adquirido, nessa época, bagagem artística importante, pois escutara na meninice Miles Davis e Claude Debussy. As complexas construções harmônicas de João Gilberto e Tom Jobim não lhe pareciam algo impossível. “Conhecia de ouvido.”

Toninho mudou-se para o Rio em 1970. Antes de trabalhar com Milton Nascimento, foi músico de estúdio, tocando com Elis Regina e colocando sua guitarra — ou, fosse o caso, violão — em discos de Dominguinhos e Jackson do Pandeiro. Mostraram-lhe, então, o estilo alucinado de Jimi Hendrix, o rock elaborado de Emerson, Lake & Palmer e a música rebuscada de Frank Zappa. Quando se deu conta, tinha avançado no campo harmônico.

Conforme o violonista Fábio Zanon, Toninho faz música brasileira, porém não se fundamenta no choro. Muito menos no samba. Utiliza instrumentos elétricos, porém não limita-se ao rock’n’roll beatlemaníaco ou stoniano. Tem força nos ritmos assimétricos, porém não é dançante. Não é bossa nova, porém a harmonia, ali, se apresenta dissonante.

“Seus arranjos não são comentários à melodia, são ambientações experimentais, mas não soam vagos nem inacabados. Eu tenho um palpite: esta música foi batizada nas igrejas barrocas e tem a introspecção e a solenidade da música sacra mineira, mas os padrinhos foram os moçambiques e caiapós das minas africanas”, conceitua o estudioso.

O músico apareceu nos anos 70 como o principal nome do violão e da guitarra no movimento Clube da Esquina. Ouve-se o virtuosismo hortiniano na balada “Trem Azul”. Toninho gravou, nos anos seguintes, com ninguém menos que Wayne Shorter, lenda do jazz. Mestre da harmonia, assina ainda arranjos para o “Clube da Esquina 2”, de 1978, “Sol de Primavera”, de Beto Guedes, e “A Via-Láctea”, de Lô Borges, ambos publicados em 1979.

Apelidado de Debussy da guitarra pelo músico Luiz Eça, Toninho recebe no Teatro Sesc, hoje, o saxofonista Nivaldo Ornelas. São ícones da música brasileira compartilhando histórias e amizades. O show combinará as harmonias do músico com a habilidade de Nivaldo para improvisar. "Beijo Partido", "Dona Olímpia", "Manoel, o Audaz", "Moonstone" e "Aquelas Coisas Todas" estão no setlist. Ingressos esgotados para o público geral.

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