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Taylor Swift volta para casa com imagem arranhada

Reportagem traz balanço sobre crise que aconteceu tanto no Rio, onde cantora se apresentou, quanto em SP, cidade na qual tocou no último fim de semana

Roteiro amarrado: mesmo com adversidades, cantora conseguiu ser aplaudida pelos fãs - Foto: Instagram/ Taylor Swift Roteiro amarrado: mesmo com adversidades, cantora conseguiu ser aplaudida pelos fãs - Foto: Instagram/ Taylor Swift

Ao entrar em seu milionário jatinho para regressar à casa, Taylor Swift levará consigo duas lembranças péssimas do Brasil. A primeira delas, motivo de incômodo silêncio por parte da artista, diz respeito à morte da fã Ana Clara Benevides, de 23 anos, durante a noite da sexta-feira, 17, quando a artista realizava a primeira das seis datas que estavam marcadas no país. Já no segundo ponto, oposto do que houve no Rio de Janeiro dias antes, os fãs enfrentaram chuva e frio para prestigiar aquela que é a maior estrela pop do século 21.

Se na capital paulista as temperaturas despencaram nos termômetros, o frio se tornou um fator preocupante. À cena, como se fosse repetição de filme ruim, com roteiro monótono e direção equivocada, voltaram as dores de cabeça geradas pela falta de água. A Polícia Militar impediu que os fãs entrassem no Allianz Parque carregando copos plásticos tampados. Só mudaram de ideia quando saiu nova orientação para que o problema fosse corrigido. Não bastasse a repetição do caos, as filas se mostraram um problema também.


		Taylor Swift volta para casa com imagem arranhada
Silêncio: fãs demonstraram descontentamento com artista e produtora. Foto: Taylor Swift/ Reprodução

Quando Swift pôs os pés no palco na sexta, 24, ela imaginava a responsabilidade que teria pela frente: fazer os fãs enxugarem as lágrimas. Afinal, boa parte se revelou chateada pelo silêncio diante das graves adversidades. Era o mínimo a se esperar de uma cantora - cuja relação próxima com os fãs virou uma marca - que ela rompesse o silêncio. Em vez disso, contudo, incluiu no setlist a música “Bigger Than The Whole Sky”, algo como “Maior que o Céu Inteiro”. “Adeus, adeus, adeus. Você era maior que todo o céu”, diz a letra.

Não é a primeira crise de imagem enfrentada por Swift, mas dessa vez a artista se deparou com algo inusitado: fãs descontentes. Nem quando protagonizou embate com Kanye West a coisa se escalou a tal tamanho, como nas últimas semanas. E olhe que seus desafetos vão do Spotify a Katy Perry. Mas até essas pessoas, veja só, relevaram quando Taylor Swift publicou nota no Instagram na qual se dizia “extremamente” triste e falava ainda em não mais mencionar a morte de Ana Clara, que teve uma parada cardiorrespiratória.

Reviravolta

Tudo mudou no domingo, 19. Em entrevista ao “Fantástico”, da TV Globo, o pai de Ana Clara, José Weiny Machado, revelou não ter recebido nem da produtora T4F e da própria artista qualquer tipo de auxílio. A jovem sonhava, desde a adolescência, em assistir a um show da estrela pop in loco. Assim que foi anunciada a venda de ingressos, ela organizara com a amiga da faculdade, Daniele Menin, de irem juntas ao Rio de Janeiro.

Foi uma bomba: fãs-clubes descontentes, redes sociais fervendo, gente indignada. Sim, faz sentido dizer que a responsabilidade pelo erro não seja da cantora em si. Quem alugou o Estádio Nilton Santos para receber o espetáculo atende pelo nome de Times For Fun, a T4F, além de órgãos fiscalizadores, como Corpo de Bombeiros e Procon. A empresa viabilizou os trâmites ao falar com as autoridades, contratar profissionais e estruturar a logística.

Como a T4F escolheu se calar, Taylor Swift limitou-se a cantar uma música atrás da outra, sem criticidade ou até citar a fã morta. Inevitável não pensarmos que a cantora estava preocupada em não deixar a crise manchar sua reputação. Para termos uma ideia da máquina lucrativa, “The Eras Tour” faturou US$ 2,2 bilhões, equivalente a R$ 10,8 bilhões. Mas dinheiro, cá pra nós, não é motivo de problema, uma vez que, ao final das 52 apresentações pelos EUA, Swift desembolsou meio milhão aos motoristas de caminhão.

O que nos leva, pelas premissas do raciocínio dedutivo, a um questionamento essencial: na cabeça de Swift, ajudar Ana Clara Benevides se configuraria em problema, é isso? Porque tirando o “New York Times” e “NBC”, veículos de imprensa sérios dos EUA, a escolha de Swift recebeu elogios. É a swiftização do jornalismo cultural. Bastou inserir uma música no roteiro do show para ganhar confetes de sites direcionados ao entretenimento.

No antigo Twitter, hoje X, os fãs estrangeiros apelaram para o racismo (referindo-se aos brasileiros como “macacos”) dizendo que Taylor Swfit corria perigo se ficasse no Brasil. Segundo eles, a artista era maltratada por aqui, embora tenham se esquecido de que o Brasil é território importante para Swift: seu último álbum, regravação de “1989”, que saiu em outubro último, bombou no Spotify e teve milhões de audições em poucas horas.

Cantora demonstra por que fãs são fiéis

Mesmo realizando um show engessado e previsível, a cantora conseguiu demonstrar, nos três dias em que tocou na cidade de São Paulo, os motivos pelos quais os fãs são fiéis a ela. Com mais de 50 mil pessoas presentes, recorde de público do Allianz Parque, Taylor fez um show inesquecível. É uma performer excepcional. Canta 3h30, sem playback. Havia no ar certa expectativa sobre se a cantora falaria a respeito da morte da jovem Ana Clara Benevides, de 23 anos, que passou mal durante a apresentação da cantora no dia 17, no Rio.

Não porque se esperasse uma postura diferente, mas porque Taylor se fez em sua relação com os fãs e parece que, desta vez, escolheu manter-se distante, quase indiferente. A The Eras Tour é dividida em blocos dedicados a cada um dos discos da cantora. Os álbuns não são apresentados de maneira cronológica e a cantora faz pequenas pausas para trocas de figurino. No Rio, houve quem a acusasse de ser robótica. Mas a questão é que Taylor trata o show quase como um espetáculo teatral: quando sobe no palco, ela é a personagem..


		Taylor Swift volta para casa com imagem arranhada
Mesmo engessada: Cantora conseguiu demonstrar, nos três dias em que tocou na cidade de São Paulo, os motivos pelos quais os fãs são fiéis a ela. Foto: Taylor Swift/ Reprodução

Tese endossada pelos goianos que estiveram tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo. De acordo com a jornalista Tássia Tanara, o show foi espetacular. Seis dias após a morte de Ana Clara, o CEO da Times For Fun, Serafim Abreu, reconheceu que poderia ter tomado algumas ações alternativas, adicionais a todas, “como por exemplo criar locais de sombra nas áreas externas, alterar os horários dos shows anteriormente programados e enfatizar mais a permissão de entrada com copos de água descartáveis”.

No último show realizado em território brasileiro, a cantora Taylor Swift decidiu que precisava reverter a imagem desgastada. Para tanto, deixou-se posar na presença de familiares de Ana Clara Benevides, fã que morreu após passar mal durante apresentação da artista no último dia 17. A cantora foi duramente criticada durante a passagem pelo Brasil, assim como a produtora Times For Fun, que tem em seu currículo show dos Rolling Stones.

Taylor Swift ainda se apresentará em Austrália, Cingapura, França, Suécia, Portugal, Espanha, Reino Unido, Irlanda, Holanda, Suíça, Itália, Alemanha, Polônia, Áustria e Canadá, onde constam as últimas apresentações previstas, em dezembro do ano que vem. (Com Agência Estado)


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Frame de vídeo: Taylor Swift posa para retrato ao lado de parentes de Ana Clara Benevides. Foto: Reprodução/ Redes sociais

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