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Espetáculo traz arquétipos para debater sociedade

Inspirado no universo das Moiras, o espetáculo explora os arquétipos femininos e a liberdade de ser mulher na sociedade na atualidade

Narrativa retrata desafios enfrentados pelo corpo feminino na história Narrativa retrata desafios enfrentados pelo corpo feminino na história

O Nômades Grupo de Dança, celebrado por sua trajetória de 22 anos, estreia o espetáculo “Trama” nos dias 5 e 6 de setembro, às 20h, no Teatro IFG. A peça, que marca a 10ª produção do grupo, é uma criação da coreógrafa e diretora artística Cristiane Santos e faz parte das comemorações do aniversário do grupo. Os ingressos são vendidos pelo Sympla.

Trama” é uma obra que busca trazer à tona questões relacionadas à mulher e suas diversas faces, inspirando-se nas Moiras, figuras mitológicas que controlam o destino. A narrativa do espetáculo propõe reflexões profundas sobre a liberdade e os desafios enfrentados pelas mulheres ao longo da história. "Quantas mulheres, ao viverem o seu destino, não foram taxadas de bruxas e queimadas?", questiona a dramaturgia, provocando o público a refletir sobre o que realmente significa ser mulher em diferentes contextos sociais e históricos.


		Espetáculo traz arquétipos para debater sociedade
Julia Ormond, Dinekelle Lemes e Iara Prado - Trama. Foto: Jayme Marques

No palco, as bailarinas Julia Ormond, Dinekelle Lemes e Iara Prado encarnam esses questionamentos, utilizando movimentos expressivos e simbólicos para representar a trajetória de transformação e resistência feminina. A coreógrafa e diretora artística do grupo, Cristiane Santos, descreve ao Diário da Manhã o espetáculo como uma oportunidade de explorar o poder de decisão e renovação das mulheres. “O público poderá fazer várias leituras. Mas tem uma que instiga bastante, que é o poder de ‘cortar’ o que não lhe cabe mais. Como diz uma das intérpretes: rompa com isso e renasça”, explica Cristiane.

A temática central da peça gira em torno dos arquétipos femininos e da troca constante de identidades que as mulheres precisam realizar para sobreviver e prosperar. “O espetáculo contextualiza sobre a troca permanente de personas, nas quais as mulheres foram se fazendo, vestindo, tirando ou sendo arrancadas delas, para existir e resistir como mulher no mundo, desde os tempos passados até os dias de hoje”, afirma a coreógrafa à reportagem.


		Espetáculo traz arquétipos para debater sociedade
Foto: Jayme Marques

Inspirado na mitologia grega, o espetáculo reflete sobre o papel da mulher e seu destino através da figura das Moiras, as deusas do destino na tradição grega. As Moiras, também conhecidas como Parcas na mitologia romana, são três irmãs que controlam o fio da vida de todos os seres, incluindo os deuses. Cloto tece o fio da vida, Lachesis mede seu comprimento e Átropos corta o fio, determinando o momento da morte. Esse conceito é central para a dramaturgia de “Trama”, que explora como as mulheres, desde a antiguidade até os dias atuais, lidam com as expectativas e as limitações impostas pela sociedade.

Pressões sociais

Além do simbolismo das Moiras, a obra reflete sobre as pressões sociais que impõem limites às mulheres, explorando como essas imposições moldam suas vidas e escolhas. “Embora já tenhamos 22 anos de existência, dá sempre um frio na barriga colocar um novo trabalho em cena. Mas estou muito feliz com 'Trama'. Essa coreografia tem um tempo que vem amadurecendo, e agora temos a chance de concretizar”, compartilha Cristiane, evidenciando o entusiasmo e o comprometimento da equipe.


		Espetáculo traz arquétipos para debater sociedade
Foto: Jayme Marques

A peça comemora o aniversário de 22 anos do Nômades Grupo de Dança, que, desde sua fundação em 2002, é conhecido por sua abordagem ousada e independente na dança contemporânea. Com uma trajetória marcada pela inovação e pelo engajamento com questões sociais, o grupo desenvolveu um trabalho que vai além dos palcos, realizando ações formativas e intervenções urbanas. Seus espetáculos, como “Quadros”, “Solear” e “Escape”, são reconhecidos por explorar novas perspectivas sobre o corpo e a expressão artística, consolidando sua relevância no cenário cultural.

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