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Arte e literatura itinerante recriam universo infantojuvenil de Clarice Lispector

"A Casa que anda. Que mistérios tem Clarice?" recriam o universo infantojuvenil da autora com referências a três obras em um ambiente interativo

Imagem ilustrativa da imagem Arte e literatura itinerante recriam universo infantojuvenil de Clarice Lispector

Entre os dias 26 e 30 de setembro, o Parque Mutirama recebe uma exposição itinerante e interativa inspirada na obra de Clarice Lispector. O projeto, chamado "A Casa que anda. Que mistérios tem Clarice?", é apresentado pelo Caminhão de Histórias, um caminhão-baú de 15 metros adaptado para mostras culturais. A iniciativa visa introduzir o público ao universo infantojuvenil de Clarice por meio de atividades sensoriais e artísticas que dialogam com suas histórias.

A exposição tem curadoria do poeta e professor de literatura Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do Instituto Moreira Salles (IMS), e direção artística de Daniela Thomas, cineasta e diretora teatral. Entre as intervenções artísticas, destacam-se trabalhos de Maria Klabin, Marcela Cantuária, Raul Mourão e Mariana Valente, neta de Clarice Lispector. A entrada é gratuita, e o projeto funcionará das 10h às 17h.

Arte e literatura itinerante recriam universo infantojuvenil de Clarice Lispector
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Um Ícone da Literatura Brasileira

Clarice Lispector (1920-1977) é reconhecida como um dos maiores nomes da literatura brasileira e mundial. Nascida na Ucrânia, Clarice mudou-se para o Brasil ainda bebê com sua família, estabelecendo-se no Recife. Desde cedo, demonstrou grande talento para a escrita e, ao longo de sua carreira, explorou temas como identidade, solidão, e a complexidade da experiência humana. Sua obra é marcada por uma linguagem poética e introspectiva, que muitas vezes transcende a narrativa convencional para mergulhar no universo interior de seus personagens.

Entre seus romances mais notáveis estão "A Paixão Segundo G.H.", "A Hora da Estrela" e "Perto do Coração Selvagem". Além disso, Clarice escreveu para o público infantojuvenil, com obras que abordam questões existenciais de maneira acessível para jovens leitores, as obras inspiraram os artistas para a exposição "A Casa que anda".

Clarice viveu em várias cidades ao redor do mundo devido à carreira diplomática de seu marido, Maury Gurgel Valente, o que enriqueceu sua perspectiva e influenciou sua escrita. Sua trajetória literária foi marcada por uma produção multifacetada, que inclui romances, contos, crônicas e colaborações como jornalista. Clarice morreu em 1977, mas sua obra continua sendo lida e admirada por novas gerações, não só no Brasil, mas em várias partes do mundo.

A Exposição "A Casa que anda"

Com a proposta de levar o universo de Clarice para além das páginas de seus livros, a exposição é ambientada em dois cenários: interno e externo. No ambiente interno, o público é recebido por mediadoras caracterizadas como a "própria" Clarice Lispector, reforçando a sensação de que estão sendo recebidos na casa da escritora. Daniela Thomas recriou o espaço a partir de fotografias da residência de Clarice, proporcionando uma experiência imersiva que convida os visitantes a conhecerem a intimidade de seu processo criativo.

Entre os elementos mais marcantes está a mesa de trabalho da autora, onde repousam manuscritos, uma máquina de escrever e objetos pessoais, permitindo ao público mergulhar no cotidiano de Clarice. A cenografia recria ainda referências diretas aos três livros infantojuvenis abordados na exposição: "A vida íntima de Laura", O mistério do coelho pensante e "A mulher que matou os peixes".

Arte e literatura itinerante recriam universo infantojuvenil de Clarice Lispector
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No ambiente externo, os visitantes encontram instalações interativas que remetem às histórias dos livros. Um destaque é a escultura "A Casa do Coelho", criada pelo artista Raul Mourão. Inspirada no desaparecimento do coelho da história "O mistério do coelho pensante", a obra convida os visitantes a refletirem sobre temas como confinamento e fuga. Segundo Mourão, a peça é uma metáfora sobre as limitações e liberdades da vida urbana.

Outra intervenção notável é o "quintal" desenhado pela artista Maria Klabin, que lembra o chão de um jardim, repleto de caracóis, folhas e pequenos animais, acessíveis aos visitantes por meio de lupas de aumento. Marcela Cantuária também contribui com a obra "O Ovo da Galinha Laura", uma reflexão lúdica sobre o mistério da vida e as possibilidades do futuro.

Embora seja mais conhecida por seus romances e contos voltados para o público adulto, Clarice Lispector também escreveu para crianças, sem nunca subestimar a capacidade de seus leitores mais jovens. Seus livros infantojuvenis abordam questões filosóficas e emocionais com leveza, mas sem perder a profundidade característica de sua escrita.

Arte e literatura itinerante recriam universo infantojuvenil de Clarice Lispector
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Em "A vida íntima de Laura", por exemplo, a autora cria uma personagem galinha que é responsável por fornecer ovos ao galinheiro. Mas, sob a superfície dessa história aparentemente simples, Clarice constrói uma narrativa cheia de nuances, que desperta a curiosidade e a imaginação das crianças. Já em "O mistério do coelho pensante", a autora questiona os limites entre a natureza humana e a natureza animal, usando o desaparecimento de um coelho como ponto de partida para reflexões existenciais. Por fim, em "A mulher que matou os peixes", a escritora adota um tom confessional, abordando temas como culpa, perdão e a relação com o outro, de forma acessível para os pequenos leitores.

A proposta do Caminhão de Histórias é levar a cultura para diferentes regiões do Brasil, promovendo o acesso à arte e à literatura de forma democrática e inclusiva. A exposição "A Casa que anda. Que mistérios tem Clarice?" é um exemplo dessa missão, oferecendo ao público uma experiência interativa que alia literatura e artes visuais. Segundo o curador Eucanaã Ferraz, "a obra de Clarice Lispector tem um raro poder de atração, não importando a idade e outros traços particulares de quem a lê. Sua palavra é, nesse sentido, universal."

A união entre literatura, artes visuais e atividades lúdicas tem o potencial de cativar tanto crianças quanto adultos, criando um ambiente onde o público pode se reconectar com sua sensibilidade e imaginação. A exposição é uma oportunidade de vivenciar a obra de Clarice Lispector de maneira única, em um espaço que propicia a reflexão e a descoberta.

Serviço:

Exposição "A Casa que anda. Que mistérios tem Clarice?"

Local: Parque Mutirama (Av. Contorno, S/N - St. Central, Goiânia - GO)

Datas: 26 a 30 de setembro

Horário: das 10h às 17h

Entrada gratuita

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