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Reunião de segurança no DF teve sugestão para 'meter o cacete' em indígenas

Um integrante não identificado da reunião com forças de segurança para debater a marcha do movimento indígena da última quinta-feira (10).

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Um integrante não identificado da reunião com forças de segurança para debater a marcha do movimento indígena da última quinta-feira (10) sugeriu "meter o cacete" nos manifestantes. Horas depois, a Polícia Legislativa atirou bombas de gás contra eles, na Esplanada dos Ministérios.

O encontro híbrido (virtual e presencial) aconteceu por volta de 17h30 e debatia o trajeto que o ato, parte do ATL (Acampamento Terra Livre), faria em Brasília. No momento da fala, estava em discussão a possibilidade de descer, ou não, até a Praça dos Três Poderes.

É nessa hora que um integrante identificado apenas como "iPhonedeca" interrompe a discussão. "Deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça, pronto", diz essa pessoa, com voz masculina, mas sem mostrar o rosto.

A reunião desta quinta, como de praxe em casos de atos na Esplanada dos Ministérios, reunia representantes das principais forças de segurança envolvidas, seja do Governo do Distrito Federal ou do STF.

Em resposta a fala do integrante não identificado, o representante da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) questiona a sua identidade e o motivo de tal afirmação, mas não tem nenhuma resposta.

Outras pessoas da reunião não se pronunciam sobre a fala, só questionam o representante da Apib, dizendo não ter entendido o que ele estava falando.

No início da noite, os indígenas que desciam pela Esplanada dos Ministérios foram alvo de bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela Polícia Legislativa, em frente ao Congresso Nacional, antes de chegar na Praça dos Três Poderes.

A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal sobre a fala e sobre as bombas, mas não teve resposta.

A Polícia Militar disse que não conduziu a reunião e que "não atuou na dispersão de manifestantes nesta quinta-feira".

A manifestação fez parte dos atos do ATL (Acampamento Terra Livre), que acontece desde segunda-feira (7), em Brasília.

O acampamento acontece há anos e reúne milhares de indígenas, de dezenas de povos diferentes, inclusive de outros países.

Os atos pressionam o governo Lula (PT) pela demarcação de terras, criticam o STF (Supremo Tribunal Federal) contra o marco temporal e criticam o Congresso por flexibilizar a legislação de proteção às comunidades.

A entidade estuda acionar o Ministério Público Federal (MPF) contra a fala, além de solicitar a identificação de seu autor.

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) estava na manifestação na Esplanada e foi uma das atingidas pelas bombas da Polícia Legislativa.

A Câmara dos Deputados afirmou, em nota, que os indígenas romperam a linha de defesa da Polícia Militar, derrubaram os gradis e "invadiram o gramado do Congresso Nacional".

Segundo a nota, havia acordo com o movimento para que não ultrapassem os limites, mas parte dos indígenas avançou. "As Polícias Legislativas Federais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal usaram agentes químicos para conter a invasão e impedir a entrada no Palácio do Congresso."

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