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Obesidade Infantil: o desafio crescente que afeta as novas gerações

Nutricionista explica que diversos fatores se relacionam com o desenvolvimento da obesidade, e é necessário acompanhamento multiprofissional

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A obesidade infantil vem se tornando um problema de saúde pública alarmante em todo o mundo, afetando milhões de crianças e adolescentes. De acordo com dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de crianças com excesso de peso e obesidade triplicou nas últimas três décadas. Essa crescente epidemia de obesidade entre os mais jovens tem levantado preocupações entre profissionais de saúde, pais e governos.

De acordo com o relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, com informações referentes a pessoas acompanhadas na Atenção Primária à Saúde, constatou-se que até meados de setembro de 2022, um número alarmante de mais de 340 mil crianças, entre 5 e 10 anos de idade, receberam diagnóstico de obesidade.

Atualmente, o Sul do país apresenta o maior índice de crianças obesas nessa faixa etária, com 11,52%, o que representa o percentual mais alto em comparação com as outras regiões. Logo depois, vêm o Sudeste, com 10,41% de crianças obesas, o Nordeste com 9,67%, o Centro-Oeste com 9,43% e, por último, o Norte com 6,93% das crianças acompanhadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo a nutricionista Maria Carolina Keller, diversos fatores se relacionam com o desenvolvimento da obesidade.

"São eles a genética, os hábitos e estilo de vida, englobando a atividade física, qualidade do sono, qualidade da alimentação, estresse, a presença de algumas patologias, além de fatores psicológicos relacionados ao comportamento alimentar, comer emocional e em alguns casos a presença de transtornos alimentares", afirma.


		Obesidade Infantil: o desafio crescente que afeta as novas gerações
Nutricionista Maria Carolina Keller comenta sobre obesidade infantil. (Foto: Arquivo pessoal). Fernando Keller


Maria Carolina explica que, durante o tratamento, é fundamental o acompanhamento multiprofissional para investigar estilo de vida e comportamento, o que inclui, também, a avaliação psicológica, com o intuito de buscar tratamentos personalizados que busquem a promoção da saúde nestes indivíduos.

Alimentos industrializados, além de trazer demais riscos para a saúde, podem contribuir para a obesidade.

"No geral, com o aumento do consumo de industrializados e ultra processados, observamos também um aumento da obesidade, por isso prezamos que a alimentação seja majoritariamente composta por alimentos in natura e minimamente processados, incluindo variedade de frutas e hortaliças, com a presença de todos os grupos alimentares, além de uma boa ingestão de água", explica.

No entanto, ela alerta para o cuidado com dietas muito restritivas, e ressalta que não existem alimentos "vilões".

"Dietas muito restritivas tendem a não funcionar por não serem sustentadas a longo prazo, o ideal é buscar a orientação de um nutricionista para fazer os ajustes necessários, já que cada pessoa tem suas necessidades e preferências individuais. Também gosto de frisar que não existem alimentos “milagrosos” ou alimentos “vilões” neste processo, tudo pode ser ajustado em um contexto saudável", explica.

Desafios

Para a nutricionista, os principais desafios enfrentados por alguém que deseja perder peso estão relacionados à falta de adaptação e acolhimento dos profissionais,

"Muitas vezes as pessoas com obesidades são pré julgadas e atribuídas à imagens preconceituosas, então a saúde passa a ser secundária à padrões estéticos e isso reflete no tratamento sugerido pelos profissionais de saúde, além disso, alguns locais de atendimento sequer são adaptados em sua estrutura física para receber pacientes com obesidade", explica.

Em relação às estratégias nutricionais, eu diria que algumas das mais interessantes são os estabelecimentos de metas alcançáveis em conjunto ao paciente, o auxílio na identificação nos sinais de fome e saciedade, o auxílio na organização da rotina alimentar e a reeducação alimentar focada em instruir sobre grupos alimentares e uma alimentação balanceada Maria Carolina Keller

Cuidados

A atividade física é importante para o corpo e a mente de qualquer indivíduo, mas para quem tem obesidade, o exercício físico desempenha um papel primordial.

"A atividade física é importante para todos os indivíduos, tenham eles obesidade ou não, ela auxilia no condicionamento físico, na saúde cardiovascular, na construção de massa muscular e força e pode auxiliar também na diminuição da gordura corporal. Um profissional da educação física será mais apto para orientar sobre as melhores opções para pessoas com obesidade ou excesso de peso", explica.

Além da dieta e da atividade física, outros aspectos do estilo de vida podem influencias no controle do peso, como o manejo do estresse e a qualidade do sono que, segundo a nutricionista, são imprescindíveis para o controle do peso, o que é um desafio nos dias atuais onde a nossa saúde mental anda tão fragilizada.

Maria Carolina defende que o profissional não deve impor um tratamento, mas sim direcionar o indivíduo de forma que ele tenha autonomia para fazer escolhas alimentares saudáveis e seja o protagonista da sua alimentação.

"Para promover mudanças positivas e sustentáveis, devemos primeiro entender que cada indivíduo é único e traz questões únicas, por isso a conduta deve acolher o paciente e buscar soluções reais, baseadas na rotina e nas preferências do paciente", explica.

Ela explica ainda que nem todo indivíduo com obesidade terá doenças associadas. Caso haja doenças associadas, é importante que um nutricionista e outros profissionais tragam estratégias para o tratamento destas comorbidades.

"A adoção de pequenas metas estabelecidas pelo paciente, além do controle de hábitos e outras ferramentas não prescritivas (além das dietas), podem ser grandes aliadas no processo de perda de peso", finaliza.

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