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O relacionamento tóxico e a necessidade de fugir dele

Psicóloga explica as característcas de um relacionamento tóxico e quando tomar uma atitude diante de situações ruins

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O Brasil acompanha no momento o Big Brother Brasil 23 (BBB 23) e a relação polêmica entre os participantes Gabriel Tavares e Bruna Griphao. No último domingo, 22, inclusive, o apresentador Tadeu Schmidt chamou a atenção de Gabriel sobre estar sendo tóxico e que o recado fosse para que "algo pior não acontecesse".

Na casa, Gabriel já puxou o braço o de Bruna quando ela tentou abrir a porta do confessionário. Outro dia, a sister afirmou aos outros participantes que se sentia 'o homem da relação', como resposta Gabriel disse: ‘Sim, mas já, já, tu vai tomar umas cotoveladas na boca’.

O comportamento de Gabriel foi contestado nas redes sociais e levantou questões sobre relacionamentos tóxicos. Mas afinal, o que é um relacionamento tóxico? Como saber se uma pessoa está vivendo em um relacionamento no qual não tem liberdade de opinar? A psicóloga Jéssica Cervan concedeu entrevista ao Diário da Manhã e explicou o modus operandi desse tipo de relacionamento.

A psicóloga explica aos sinais que devemos ficar atentos em uma relação.

"Muitas vezes os sinais aparecem de maneira delicada, imperceptíveis, por isso o ideal é você perceber como você está na situação. Se você sente que está pisando em ovos, que o tempo todo tem que se justificar, se desculpar, se sente que tem que se diminuir ou se tem dúvidas sobre suas percepções e intuições, é porque a coisa não é saudável", afima Jéssica.

Sobre a diferença entre relacionamento tóxico e relacionamento abusivo, a psicóloga alega que há profissionais que dizem que há diferenças entre os dois, onde as principais delas são que a pessoa tóxica na maioria das vezes não percebe o mal que faz e que não há violência física.

"Eu não acredito nessa separação. Os dois andam juntos. São atitudes tóxicas que fazem o abuso acontecer. Então na minha linha de trabalho e raciocínio, sim, é o mesmo", ressalta a psicóloga.

Ela pontua sobre o comportamento de uma pessoa tóxica, e ressalta que não existe um padrão único de comportamento e que em muitos casos a pessoa tóxica usa palavras da própria vítima contra ela, fazendo ela acreditar que precisa da outra, quando é o contrário.


		O relacionamento tóxico e a necessidade de fugir dele
Fernando Keller

A psicóloga Jéssica Cervão explica as características de um relacionamento tóxico. (Foto: Arquivo pessoal)

"Tem várias maneiras, mas eu vou falar aqui sobre a maneira que é menos falada quando se fala de padrões comportamentais de pessoas tóxicas, aqueles comportamentos que passam ate desapercebidos", afirma.

"É o caso que aconteceu no BBB, por exemplo. O Gabriel é um cara que fala manso, com voz doce, sem nunca subir o tom de voz. De maneira delicada, vai podando a mulher, manipulando, controlando, mas sempre naquele tom sereno. Também usa a estratégia de fazer a mulher se sentir responsável por ele: "olha como eu não sou machão, sou sensível, inofensivo, por isso você precisa me proteger, fazer tudo por mim", começa usar palavras da própria mulher contra ela", completa.

Além disso, segundo Jéssica, ele também vai isolando cada vez mais essa mulher e utiliza argumentos como: "olha como somos incríveis juntos, você não precisa de mais ninguém, nos completamos!", para assim a mulher não ter a quem recorrer e se sentir cada vez mais dependente dele.

Uma relação é saudável quando ambas as partes se sentem bem e fazem o relacionamento acontecer, sem brigas e ciúmes em demasia. Porém, quando uma relação não vai bem, é necessário tomar uma atitude.

"Se começou a duvidar da relação é porque ela já não está mais saudável, mas dificilmente a pessoa que está inserida em um contexto abusivo consegue perceber, por isso aqui eu quero falar para as pessoas ao redor. A rede de apoio é essencial para uma pessoa sair de um relacionamento abusivo. Tenha paciência, sua amiga vai chorar pra você, dizer que não aguenta mais, vai terminar e depois vai voltar, faz parte do processo", afirma a psicóloga.

Ela complementa: "Não cobre dela a mesma visão e posicionamento que você tem, ela está completamente fragilizada emocionalmente. Troque as palavras, no lugar de a culpabilizar por voltar, fazendo ela se sentir mais fracassada ainda, acolha, diga que continuará do lado dela independente de qualquer coisa. Troque o "pare de chorar, ele não merece", por "amiga você está linda! Olha como você é incrível e inteligente!", faça ela voltar a reconhecer seus valores para se fortalecer e se retirar desse contexto tóxico. A ajuda profissional é excelente também"

Ao ser questionada sobre a possibilidade de existir algum transtorno menta por trás do comportamento tóxico, Jéssica alega que não há como encaixar todas as pessoas em uma estrutura psíquica. 'Pela psicanálise, a maioria deles se encaixam na estrutura perversa. Mas nem todos'.

"Não podemos negar o contexto social que vivemos, o patriarcado, o machismo, que dão direito ao macho de ter poder sobre a outra parte. E aqui eu estou falando de relacionamento heteronormativo, mas isso se encaixa em relacionamentos homoafetivos também. Nós encontramos essa estrutura machista em relacionamentos gays e lésbicos, onde mesmo que não haja um homem e uma mulher, a uma das partes acaba sendo atribuida o papel de mulherzinha (sensível) e machão (durão)", finaliza.

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