Em Senador Canedo, Goiás, mais de 60 famílias que residem no Residencial Hebrom vieram a público com sérias reclamações contra um advogado que supostamente prometeu entrar com uma ação judicial para reduzir as parcelas de financiamento de lotes e imóveis.
No entanto, o advogado não seguiu adiante com o processo, causando graves prejuízos financeiros para as famílias afetadas. Alguns moradores até receberam ordens de despejo devido às dívidas contraídas com a imobiliária. A situação levou a uma investigação por parte da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O advogado em questão é Douglas Magalhães de Almeida Lima, que até o momento desta publicação não se manifestou
Uma das moradoras afetadas por essa situação é Valdete Maria da Silva, uma manicure, que decidiu entrar com ação judicial após observar um aumento significativo em suas parcelas mensais. Por exemplo, em 2019, ela pagava R$ 960 por mês, e esse valor subiu para R$ 1.316 em 2020, o primeiro ano da pandemia de Covid-19. Apesar de entrar em contato com a imobiliária, eles informaram que o aumento foi baseado no Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM), conhecido como índice de inflação do aluguel.
Em 2021, as parcelas aumentaram ainda mais, chegando a R$ 1.457, o que levou uma vizinha a recomendar Douglas Magalhães como alguém que havia supostamente ganhado casos semelhantes no passado. Em junho do ano anterior, uma reunião foi realizada com vários moradores, onde o advogado fez promessas de que solicitaria o cancelamento dos contratos atuais, substituindo-os por contratos de financiamento com taxas de juros fixas que reduziriam os encargos financeiros.
Ludmilla Gino, recepcionista e outra moradora, também enfrentou uma situação semelhante. Após a pandemia, os valores de suas parcelas aumentaram em 50%, causando uma grande dificuldade financeira. Ela afirma que Douglas convenceu a todos a interromperem os pagamentos, acreditando que isso provaria sua incapacidade de arcar com as parcelas e levaria a um resultado favorável na justiça. Ele também orientou os moradores a ignorarem qualquer comunicação da imobiliária, incluindo convites para reuniões de conciliação no Tribunal de Mediação e Arbitragem.
Valdete e Ludmilla tentaram entrar em contato com Douglas várias vezes, mas não tiveram sucesso. Descobriu-se que ele alugava um espaço na Caixa de Assistência dos Advogados de Goiás (Casag) e não possuía um escritório físico.
O advogado Weber Fernandes está defendendo 32 moradores afetados e afirmou haver mais de 1.200 casos abertos contra Douglas Magalhães com a mesma finalidade. Além disso, outros moradores de diferentes áreas se aproximaram dele com queixas similares sobre as ações do advogado.
Os moradores relataram o advogado à polícia local em Senador Canedo, mas foram orientados a fazer uma denúncia na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para uma investigação interna, uma vez que não há, a princípio, nenhum crime evidente, uma vez que o advogado ingressou com as ações legais.
A OAB respondeu reconhecendo a gravidade das alegações e declarou que, se comprovadas, haverá consequências disciplinares, pois o caso já está sob análise da Seccional Goiana por meio do Tribunal de Ética e Disciplina (TED), respeitando o sigilo legal dos procedimentos.
A imobiliária emitiu uma declaração, esclarecendo que eles, assim como seus clientes, também foram vítimas das práticas enganosas do advogado. Eles enfatizaram que todos os aumentos nas parcelas estavam conforme o contrato, utilizando o IGPM como base para os ajustes. A imobiliária afirmou estar disposta a negociar com os devedores e resolver cada caso de forma amigável.
Enquanto a investigação prossegue, os moradores afetados continuam com parcelas pendentes e enfrentando incertezas sobre suas casas e estabilidade financeira.