A taxa de morte e incapacidade relacionadas ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) é quatro vezes maior em países de baixa e média renda do que em países de alta renda, de acordo com a Iniciativa Angels, uma parceria público-privada internacional, sem fins lucrativos, executada em colaboração com a Organização Mundial de AVC, a Organização Europeia de AVC e sociedades regionais e nacionais de AVC em mais de 50 países.
Segundo a Angels, essa diferença na taxa de morte e incapacidade provocadas pelo AVC está relacionada à falta de unidades prontas para atendimento do AVC: há unidades em apenas 18% dos países de média e baixa renda, como o Brasil, enquanto nos países de alta renda esse percentual é de 91%.
Com o objetivo de aumentar o número global de hospitais prontos para AVC e otimizar a qualidade das unidades de AVC existentes, a Iniciativa Angels realiza a certificação de hospitais quando são constatados os critérios essenciais recomendados por diretrizes internacionais.
Importância da certificação
De acordo com o neurologista Iron Dangoni Filho, coordenador do pronto-socorro do Instituto de Neurologia de Goiânia, a certificação da Iniciativa Angels significa que o Protocolo de AVC do hospital, que existe há 20 anos e é atualizado anualmente, passou por avaliações criteriosas dos técnicos da organização internacional e foi considerado eficiente. “Eles nos deram retornos sobre alguns pontos do Protocolo que poderiam ser melhorados para se adequarem aos critérios das organizações internacionais e, com isso, conseguimos reduzir nosso tempo de atendimento para menos da metade”, explica o médico.
Além disso, continua o neurologista, houve seis reuniões dos membros da Angels com as equipes multidisciplinares do hospital para realização de treinamentos.
Para o dr. Iron Dangoni Filho, esse documento veio atestar a expertise conquistada pelo hospital em quase 50 anos de atuação dedicada à neurologia.
Cada minuto conta
O neurologista informa que o Protocolo passou por avaliações que incluíram os tempos para a avaliação do médico, a realização e análise da tomografia, a aplicação de medicação e a execução da trombectomia, que é um processo avaliado à parte. Outros pontos considerados foram o suporte intra-hospitalar, que compreende a avaliação do paciente por profissional de fisioterapia e de fonoaudiologia, além da avaliação da taxa de pneumonia, entre outras.
O tempo ideal para o atendimento ao AVC, previsto no Protocolo, para realização da medicação específica trombolítico é de no máximo 60 minutos, e as etapas são as seguintes:
Chegada do paciente quando a pessoa com suspeita de AVC chega ao hospital, o tempo para ela ser avaliada por um médico, de qualquer especialidade, é de 10 minutos.
No hospital Neurológico, o paciente já é diretamente avaliado por neurologista. O tempo de avaliação por neurologista é de até 25 minutos.
Em seguida, o paciente é encaminhado para tomografia. O laudo desse exame tem que ser avaliado em até 45 minutos.
A aplicação da medicação na veia, que é o trombolítico, deve ser feita em até 60 minutos.
“Hoje, no Neurológico, o nosso tempo total está em menos de 40 minutos, o que está de acordo com os protocolos mundiais e com o melhor tempo de atendimento entre os hospitais privados do estado”, revela o dr. Iron Dangoni Filho.
Em relação à trombectomia, que é um procedimento endovascular – feito por cateter, dentro dos vasos –, o Protocolo prevê o tempo de até 70 minutos, com abertura do vaso no prazo máximo de 90 minutos. “Ou seja, o vaso tem que estar desobstruído em até uma hora e meia”, ressalta o neurologista, acrescentando que o Neurológico possui equipe 24 horas para a realização dessa cirurgia.
O cumprimento desses procedimentos dentro dos prazos determinados evita a morte e as sequelas que podem ser deixadas pelo AVC.
Diferenciais
Além de possuir Protocolo de AVC há mais 20 anos, outros diferenciais do hospital influenciaram na certificação pela Iniciativa Angels. Um deles, segundo o dr. Iron Dangoni Filho, é a presença de neurologista 24 horas de plantão, para atendimento imediato pelo especialista.
Outro ponto importante, continua o médico, é a realização de perfusão cerebral por tomografia. “Esse exame vê o quanto do cérebro dá para ser salvo pela medicação na veia e pelo procedimento hemodinâmico, a trombectomia. Quando não existe esse exame, o médico avalia a tomografia e a angiotomografia, mas não tem certeza de quanto pode ser salvo do cérebro”, explica o dr. Iron Dangoni Filho.
Tipos de AVC
Os Acidentes Vasculares Cerebrais se caracterizam pela obstrução das artérias, reduzindo a oxigenação adequada do cérebro. Há dois tipos de ‘derrames’, como são popularmente chamados do AVCs o isquêmico e o hemorrágico.
O AVC isquêmico ocorre quando há a obstrução do fluxo sanguíneo, causando sofrimento e morte das células. Dependendo da sua intensidade, pode apresentar sintomas que podem ser reversíveis ou não. Com tratamento inadequado, este tipo de AVC pode chegar a 80% de mortalidade ou deixar sequelas graves.
Já o AVC hemorrágico pode causar a obstrução das artérias cerebrais a partir de coágulos, formados por trombose ou embolia nesse caso, o coágulo se forma a partir de corpos estranhos liberados na corrente sanguínea, como, por exemplo, placas de gorduras.
Incidência
Segundo a Ong Rede Brasil AVC, o acidente vascular cerebral é a maior causa de mortalidade no Brasil. Utilizando dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil, a organização informa que, somente no mês de julho de 2022, o problema matou 8.758 brasileiros, o equivalente a 11 óbitos por hora.
Outros números do AVC:
No primeiro semestre de 2022, houve 56.320 vítimas fatais, número acima das mortes provocadas por infarto – 52.665.
No mundo, o AVC causa uma morte a cada seis segundos.
A cada minuto em que o AVC isquêmico não é tratado, o paciente perde 1,9 milhão de neurônios, o que pode causar redução de movimentos, perda de memória e prejuízo à fala.
No ano de 2019, foram registradas 163.120 internações por AVC pelo SUS – segundo o Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), com predominância na faixa etária maior de 70 anos e no sexo masculino.
Em 2021, entre as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) que mais mataram mulheres, as doenças cerebrovasculares foram responsáveis por 14,4% das mortes.
Sobre a Angels Initiative
Fundada em 2016, a Iniciativa Angels já apoiou cerca de 1.700 hospitais sendo mais de 1.000 em países de baixa e média renda –, auxiliando-os a se tornarem “prontos para o AVC”.
Em 2021, uma pesquisa global realizada pela Organização Mundial de AVC (WSO) e Organização Mundial da Saúde (OMS) constatou que apenas um em cada três hospitais tem a infraestrutura e os recursos necessários para se qualificar como um centro de AVC, que pode oferecer cuidados de vida recomendados por diretrizes.
Ainda de acordo com essa pesquisa, globalmente, menos de 5% dos pacientes elegíveis para trombólise intravenosa a recebem dentro da janela de tempo terapêutico.
Sobre a Kora Saúde
Um dos maiores grupos hospitalares do país, a Kora Saúde possui 17 hospitais espalhados pelo Brasil e está presente no Espírito Santo (Rede Meridional nas regiões de Cariacica, Vitória, Serra, Praia da Costa, em Vila Velha, e São Mateus); Ceará (Rede OTO, todos em Fortaleza); Tocantins (Medical Palmas e Santa Thereza na cidade de Palmas); Mato Grosso (Hospital São Mateus em Cuiabá); Goiás (Instituto de Neurologia de Goiânia e Hospital Encore); e Distrito Federal (Hospital Anchieta e Hospital São Francisco). O grupo possui mais de 2 mil leitos no país e 11 mil colaboradores. A Kora Saúde oferece um sistema de gestão inovador, parque tecnológico de ponta e alta qualidade hospitalar, com o compromisso de praticar medicina de excelência em todas as localidades onde está presente.