A aluna da USP Alicia Dudy Muller Veiga, 25, que confessou ter desviado quase R$ 1 milhão do fundo da formatura dos colegas, foi condenada por estelionato pela Justiça de São Paulo. A decisão foi anunciada nesta terça (2), com pena fixada em cinco anos de reclusão. Cabe recurso.
O caso foi julgado na 7ª Vara Criminal da Capital. A defesa de Veiga, representada pelo advogado Sergio Ricardo Stocco, afirma ainda não ter ciência da decisão.
Nos autos, o juiz Paulo Eduardo Balbone Costa também determinou o pagamento de indenização às vítimas, no mesmo valor do prejuízo causados.
Segundo o magistrado, a aluna se aproveitou do posto de presidente da comissão de formatura para exigir da empresa organizadora da festa que os pagamentos fossem transferidos para conta bancária de sua titularidade, omitindo o fato dos colegas, e utilizou o dinheiro em proveito próprio.
"A ré se prevaleceu de sua condição de presidente da comissão de formatura para engendrar um plano destinado a se apossar do produto arrecadado ao longo de meses, com a contribuição de dezenas de colegas, a fim de obter lucro para si", escreveu o juiz Balbone Costa.
Os desvios no fundo de formatura da turma de medicina se tornaram conhecidos em janeiro de 2023, quando a própria estudante escreveu em um grupo de WhatsApp que havia investido parte do dinheiro guardado para a festa em uma corretora, que lhe teria dado um golpe —versão que não se sustentou.
Em depoimento posterior à polícia, a aluna afirmou que investiu o valor, mas perdeu o dinheiro por falta de conhecimento em finanças. Com isso, passou a jogar na loteria para tentar recuperar o montante.
A investigação apontou que Alicia utilizou parte do dinheiro para cobrir despesas pessoais. Ela recebeu nove transferências do fundo de formatura para contas próprias de novembro de 2021 até dezembro de 2022.
Os repasses foram feitos pela empresa Ás Formaturas para três contas pessoais de Alicia, a pedido da estudante, que era presidente da comissão de formatura.
Cada transferência pode ser considerada um crime cuja pena máxima é de quatro anos de reclusão. Assim, ela poderia pegar uma pena de até 36 anos.
Após investigação do Procon, a empresa organizadora da festa disse ao órgão que se comprometia em absorver o prejuízo de R$ 920 mil dos estudantes de medicina da USP e realizar o evento sem custo extra para os formandos.